Universidade do Ceará quer doar pele de tilápia para queimados no Líbano

Universidade Federal do Ceará, que tem um estoque das peles, colocou material à disposição do governo federal

O projeto do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos colocou à disposição do governo federal todo o estoque de 40 mil centímetros quadrados da pele do peixe, para que seja doado ao governo libanês.

De acordo com um dos idealizadores da pesquisa, o médico Edmar Maciel, é necessário, no entanto, que o governo federal procure o Líbano e ofereça as peles.

A partir de uma pesquisa iniciada em 2015, a universidade cearense descobriu que a pele de tilápia, quando aplicada sobre queimaduras, melhora a recuperação do tecido corporal devido ao seu alto nível de colágeno, protege a pessoa de infecções externas e mantém a umidade da ferida.

Questionado sobre o envio de pele de tilápia, o Ministério da Saúde ainda não respondeu a Exame.

Tratamento com pele de tilápia

As pesquisas da Universidade Federal do Ceará descobriram que o tempo de cicatrização foi reduzido entre 10 e 20% e o preço do tratamento reduzido em 70%.

A redução do valor foi verificada na comparação com a sulfadiazina de prata, pomada que precisa ser aplicada todos os dias junto de curativos e é considerado um tratamento tradicional contra queimaduras.

De acordo com o professor Odorico de Moraes, médico e diretor do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos da UFC, as pesquisas mostraram que a aplicação da pele do peixe sobre as queimaduras garante uma recuperação tão boa quanto a aplicação de pele humana de cadáveres, considerado o padrão ouro para tratamento de queimaduras.

“O percentual de colágeno tipo 1 é parecido com o da pele humana, o que facilita o processo de cicatrização, sendo 40% maior que a pele de porco (outro tipo de pele animal utilizado na recuperação de queimaduras, principalmente nos Estados Unidos),” explica.