Universidade, guerra e paz

Na celebração dos 925 anos da Universidade de Bolonha, ocorrida há três semanas –há quem a chame de a mais antiga do mundo, mas seria prudente dizer a mais antiga do Ocidente– coube ao professor emérito Umberto Eco proferir aula magna sobre tema aparentemente banal: “Por que as universidades?”.

Eco, com sua erudição costumeira e brilho ímpar na retórica, retomou a história de princípios, valores e práticas que marcam permanência tão remota, que antecede ao surgimento do Estado nacional moderno e que chega até hoje, em meio à crise profunda da economia-mundo, ao esgaçamento do tecido social a leste e a oeste, a sul e a norte, às guerras e aos regimes de exceção como regra, ao risco de colapso presentes nos ecossistemas mundiais, aos fundamentalismos religiosos, econômicos, políticos e midiáticos que bloqueiam qualquer pretensão à “ideia de uma história universal do ponto de vista cosmopolita” com que sonhou Kant, bem antes de Marx.

Universidade: desacreditada por muitos, desvirtuada por outros, atacada tantas vezes de fora, e também de dentro e, ainda assim, no entanto, alcançando o reconhecimento menor ou maior, pela quase totalidade dos povos e culturas, de que seu progresso pode ser garantia da continuidade da aventura humana neste combalido planeta.

Considerando a envergadura dos adversários –igrejas, Estados, ideologias, corporações– digamos que é uma existência heroica e, no que conseguiu pensar livremente, descobrir, criar, não sem lutas nem perdas, trata-se de percurso glorioso.

Expoente da semiótica estruturalista e hoje um de seus denodados críticos (exemplo ilustrativo da possibilidade de permanente autorrefutamento que a academia deve conter), Eco lançou, a modo de desafio, uma proposta não desvinculada ao esforço atual de incremento dos fluxos de internacionalização, movimento mais que necessário, embora fetichizado por muitos: que as universidades possam converter-se, num mundo beligerante, em verdadeiras “forças de paz”.

Vista, assim, de chofre, essa imagem poderá parecer a muitos, no Brasil dos eternos campi conflagrados, das invasões de reitoria como atos prévios a qualquer reivindicação, de grupos minoritários de ativistas violentos, tão mais exaltados e truculentos quanto menos representativos ou argumentativos, talvez uma extravagância do acadêmico.

A ideia de associar o espírito universitário autônomo e livre ao engajamento pela paz mundial, embora alicerçada na melhor tradição do humanismo que a fundou, parece equivaler, no cenário brasileiro, a mais uma das utopias afeitas a “terras e lugares lendários” de que trata o mais recente livro de Eco.

E talvez seja isso. Esse lugar “lendário” é um u-topos, um “sem lugar”, não bastam quase mil anos de história para comprovar o acerto de um conceito. Porque, a rigor, o contrato social de fundação da universidade e que se manteve, entre tantas crises, até aqui, pressupõe a capacidade ilimitada de diálogo, única garantia de um pacto de confiança que pode criar os elos para que os saberes se movam de suas certezas incertas rumo à aventura do conhecimento. Quando a violência de poucos contamina o ânimo de muitos, quando alunos elegem professores como alvos preferencias de ataques ou ameaças, no conforto de suas vagas e na certeza da impunidade, quebra-se algo que depois será muito difícil reparar.

A ideia da liberdade absoluta, que algumas dessas seitas apregoam, não é revolucionária, mas reacionária. Sua fonte não é o socialismo, como repetem, mas o individualismo possessivo burguês, que tantos males tem feito à universidade e à sociedade.

 

FRANCISCO FOOT HARDMAN, 61, é professor de teoria e história literária da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pesquisador convidado na Universidade de Bolonha (Itália) – Publicação Folha de São Paulo

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