Universidades irão decidir sobre cotas para bolsas no exterior

DE BRASÍLIA
Medidas de ação afirmativa para concessão de bolsas de estudo no exterior pelo programa Ciência sem Fronteiras, do Ministério da Ciência e Tecnologia, ficará a critério das universidades.
O programa não prevê cotas étnicas ou sociais, mas o presidente do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), Glauces Oliva, afirmou nesta quinta feira que as universidades são encorajadas a incluir ações afirmativas nos processos de seleção dos alunos. Na quarta-feira (17), o ministério anunciou o lançamento das primeiras 2.000 vagas para graduação.
“Compete às universidades fazer processo seletivo interno entre os elegíveis, privilegiando o mérito e o desempenho — que são o cerne do programa. Cotas poderão ser incluídas no critério de seleção. Não estabelecemos normas a priori porque o perfil das universidades varia”, afirmou Oliva.
A falta de menção às ações afirmativas no programa levou a críticas por parte de acadêmicos defensores das cotas. De acordo com o ex-reitor da UFBA (Universidade Federal da Bahia), Naomar Almeida Filho, jovens de classe média alta serão maioria.
“Haverá seleção social oposta às políticas sociais do governo.O que é uma exclusao em um progarma que deveria dar conta de inclusão”, disse o ex-reitor.
Segundo Gustavo Balduíno, secretário executivo da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), a associação entende que o Ciência sem Fronteiras não é um programa de inclusão social, mas de indução do desenvolvimento tecnológico.
“Quem pensa nesse programa como um benefício ao indivíduo tem visão privativista. O estudante está indo lá para aprender, voltar e beneficar a sociedade brasileira como um todo. Os alunos não serão excluídos por origem, mas incluídos por mérito. Deve-se ter a visão que o programa é uma estratégia de desenvolvimento do país”, afirmou Balduíno.