Universidades, não fortalezas

Na madrugada de 2 de agosto, Ricardo Ferreira da Gama, funcionário terceirizado do campus Baixada Santista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), foi assassinado a tiros, em frente à sua casa, por quatro homens encapuzados.

A reitoria da Unifesp lamenta e repudia com veemência mais esse ato de barbárie. Ao mesmo tempo, é obrigada a reconhecer que o assassinato de Ricardo Gama, singular por suas características extremadas, lamentavelmente, não é um caso isolado. A cada dia, situações de violência são vividas por estudantes, funcionários e professores nos seis campi da Unifesp.

Por essa razão, o homicídio recoloca com força um debate necessário sobre a questão da segurança na universidade pública, em geral, e na Unifesp, em particular.

A Unifesp foi a universidade que mais cresceu nos últimos seis anos. O número de estudantes de graduação foi multiplicado por oito, distribuído em seis campi situados em São Paulo (onde estão suas escolas mais antigas), Diadema, Guarulhos, Osasco, São José dos Campos e o da Baixada Santista.

Em boa parte, os campi estão localizados em áreas de vulnerabilidade social, e há uma forte razão para isso: a presença da universidade visa também promover o desenvolvimento social do entorno, segundo uma perspectiva de integração entre ambos.

Não obstante, a Unifesp sofreu uma diminuição no número de funcionários. A carreira de vigilante foi extinta, e as universidades federais foram obrigadas a terceirizar esse e muitos outros serviços, sem contar com os recursos adequados.

Promover a integração da universidade ao meio em que ela se encontra não significa simplesmente abrir as suas portas para a comunidade.

Trata-se, sobretudo, de construir uma reflexão aprofundada sobre a importância que a universidade tem para a sociedade, de modo a conquistar o reconhecimento de sua atividade como relevante para a vida.

Nesse processo de construção de abertura e diálogo, a violência cumpre um papel obviamente destruidor e desagregador.

Alguns professores, estudantes e funcionários, alarmados pela violência, querem mais vigilância, catracas, sistemas de câmera em todos os lugares.

Se é perfeitamente compreensível que as pessoas queiram se proteger, por outro lado somos obrigados a observar que os crimes contra o patrimônio –todos, obviamente, condenáveis– não podem ser equiparados a agressões físicas e sexuais e até homicídios, como o de Gama.

Não se trata de uma observação secundária. Devemos, obviamente, agir com rigor e rapidez contra qualquer ato ilegal. Mas não podemos correr o risco de criar novos problemas –já por si só gravíssimos– mediante a transformação dos campi universitários em fortalezas estreitamente vigiadas.

A multiplicação de câmeras, catracas e sistemas de alarme é contraditória com a concepção de uma vida universitária que preserva a liberdade de cátedra, de manifestação e expressão. Nem representa um fato consumado a proposição segundo a qual a presença de uma polícia fortemente armada e pouco treinada para o ambiente universitário é sinal de segurança.

Como, então, devemos tratar a questão? A resposta, evidentemente, não será dada unicamente no âmbito da Unifesp nem sequer pelo conjunto das universidades federais.

Trata-se de um problema social. O momento deve nos permitir o debate das ideias, a busca de soluções. O clamor por mais segurança não resolverá, por si só, o problema social nem diminuirá a vulnerabilidade em que nos encontramos.

A reitoria da Unifesp propõe o debate para a sua própria comunidade, mas também para a sociedade e autoridades brasileiras.

Precisamos encontrar soluções e caminhos para que não nos enveredemos em discussões comocionadas ou reduzidas, que poderão nos levar a medidas de pouca eficácia. Importante é não colocar em risco o papel de promover a reflexão e o debate de ideias próprio a uma universidade digna desse nome.

SORAYA SMAILI, 50, professora de farmacologia, é reitora da Universidade Federal de São Paulo

Publicação Folha de São Paulo

 

 

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