USP atrasa diploma de primeira turma de graduação a distância

Seis meses após a conclusão do curso, os formados na primeira graduação a distância da USP ainda não receberam seus diplomas.

A falta do documento impede, por exemplo, que eles obtenham melhorias salariais em seus trabalhos ou consigam entrar na pós-graduação.

O atraso ocorre porque a universidade demorou para pedir o reconhecimento do curso ao Conselho Estadual de Educação, etapa obrigatória para emitir os diplomas.

A previsão atual é que esse processo esteja finalizado somente em 45 dias. Normalmente, os diplomas são entregues aos formados até um mês após o pedido.

Voltado à formação de professores de ciências para escolas básicas, o curso a distância sempre foi alvo de resistência dentro da USP.

Parte da universidade entende que a modalidade visa massificar a instituição com qualidade menor que a dos cursos presenciais.

Já os defensores entendem ser boa opção para ampliar vagas da USP, com qualidade, e chegar a alunos que não moram perto de seus campi.

Cerca de metade da carga horária é dada a distância. A outra parte é dividida em atividades presenciais, em polos pelo Estado, e estágio.

Iniciado no fim de 2010, o curso oferta 360 vagas anuais. A primeira turma chegou ao fim com 62 estudantes.

Dois deles, em conversa com a * Folha*, elogiaram a qualidade do curso, considerado exigente. Mas reclamam da demora do diploma.

Renata Duarte, 40, diz que deixa de receber R$ 1.000 por mês na rede pública de ensino, onde já leciona. Isso porque, com o documento, poderia subir na carreira.

Ela diz que desde a colação de grau, em janeiro, procura informações sobre o andamento do processo. “É como se não existíssemos na USP.”

Os formados possuem só certificados de conclusão de curso, que não são aceitos pela maioria dos empregadores.

Também formada na primeira turma, Leonor Santos Peres, 51, espera o documento para pode pleitear a entrada em um mestrado.

A própria universidade, afirma ela, exige o diploma.

ATRASOS E GREVE

O Conselho Estadual de Educação confirmou que a análise do reconhecimento do curso está em andamento.

Segundo o órgão, a recomendação é que as instituições iniciem o processo ao se chegar à metade do curso, para garantir que tudo esteja pronto no momento da conclusão da primeira turma.

No caso desse curso a distância da USP, isso deveria ter sido feito em meados de 2012, mas ocorreu somente em setembro do ano passado.

Segundo a reitoria, a greve de funcionários da instituição, de maio a setembro do ano passado, prejudicou o trâmite interno do processo.

OUTRO LADO

A reitoria da USP afirmou que o processo de reconhecimento do curso está em trâmite e que espera finalizá-lo em até 45 dias. A autorização, do Conselho Estadual de Educação, é necessária para que os diplomas sejam emitidos.

A universidade afirma que parte do atraso no processo ocorreu devido à greve de funcionários no ano passado.

Segundo o Conselho Estadual de Educação, porém, a escola poderia ter começado o trâmite por volta de 2012.

A atual gestão, do reitor Marco Antonio Zago, disse que no início do ano passado ainda estava se familiarizando com os procedimentos. Zago assumiu em janeiro.

O reitor anterior, João Grandino Rodas, disse não ter nada a declarar, já que deixou o cargo no ano passado.

Em relação a cortes no curso (fim de acordo com a universidade virtual pública de SP e redução do número de tutores), a reitoria diz que a qualidade não foi afetada.

“A proposta pedagógica e a infraestrutura disponível são superiores àquelas ofertadas em cursos similares.”

FÁBIO TAKAHASHI – Folha de S.Paulo