USP vota bônus maior para alunos de escolas públicas

Estudantes podem ser beneficiados só pelo desempenho no vestibular

Bonificação poderá subir de 12% para 15%; Núcleo de Consciência Negra da USP critica possível mudança

A USP discute hoje reformulação total no programa que prevê bônus no seu vestibular a alunos de escolas públicas. A proposta é elevar o percentual máximo de 12% para 15%, que passariam a ser totalmente atrelados ao desempenho do estudante na primeira fase da Fuvest.
A instituição busca aumentar a presença de alunos do sistema oficial em seus cursos -eles são 85% das matrículas no ensino médio, mas só cerca de 25% dos aprovados no exame.
Até este ano, quem se formou no ensino fundamental e seguiu na rede no médio ganhava 3% de bônus “automático”, mais bonificações dependendo da nota em prova específica a alunos do terceiro ano público (Pasusp) e na primeira fase da Fuvest.
Segundo a Folha apurou, a ideia é que, no 2º ano, esse aluno preste como treineiro (sem direito à matrícula) e ganhe até 5% de bônus para o ano seguinte, quando poderá receber até 10% mais (se acertar ao menos 60 das 90 questões da 1ª fase). Os ganhos serão proporcionais aos acertos na prova.
Com a medida, o grupo que desenhou o novo modelo espera que alunos de escolas públicas tenham contato mais cedo com a USP e se inscrevam mais na Fuvest. Até agora, mesmo com as medidas de incentivo lançadas em 2006, o número de inscritos da rede pública no vestibular teve até queda.
A proposta será apreciada por representantes de unidades e pode começar a valer no próximo exame. Segundo a simulação, o bônus médio seguirá entre 6% e 7%, o que garantiria alunos aptos a acompanhar a graduação.

CRÍTICAS E MUDANÇAS

O Núcleo de Consciência Negra na USP elaborou documento com críticas às mudanças. A entidade entende que o modelo atual já é insuficiente para aumentar a inclusão social na escola.
A Comissão de Graduação deve analisar também outras alterações no exame, válidas para todos os estudantes.
A nota da primeira fase pode voltar a compor a nota final. Desde o exame 2010, esse desempenho nos testes valeu apenas para classificar os alunos para a etapa seguinte.
Também devem ser discutidos o número de aprovados para a segunda fase, a composição da nota de corte e a situação de treineiros que disputam vagas “reais”.
Colaborou PATRÍCIA GOMES