Vagas em sistema do Enem aumentam 40%

Mecanismo pelo qual candidato usa nota de exame para entrar em universidade federal selecionará 87 mil estudantes

Prova nacional será neste fim de semana em todo o país; educador diz que modelo tem de ser visto com cautela

O aluno que pretende virar calouro de universidade federal no ano que vem terá de redobrar a atenção neste fim de semana, dias do Enem.
O número de vagas no sistema que usa o exame para seleção unificada nacional crescerá ao menos 40% em relação à última edição. O Sisu (Sistema de Seleção Unificada) é um mecanismo no qual o candidato utiliza a nota no Enem para pleitear postos em instituições federais de todo o país.
O aumento foi detectado a partir de levantamento da Folha junto às universidades. Para ingresso no ano que vem, serão ao menos 87 mil vagas nas federais, ante 62 mil para entrada em 2011. O número final de vagas pode sofrer pequenas alterações, pois há instituições que ainda não finalizaram seus editais para 2012. Além do Sisu, o Enem pode ser utilizado de outras maneiras, como, por exemplo, na primeira fase do vestibular, caso da Universidade Federal de São Paulo.
Considerando esse universo mais amplo de escolas, o Enem será utilizado para selecionar 105 mil vagas das federais (metade do total). Segundo pesquisadores, uma das vantagens de se adotar o Enem como seleção é a economia de gastos com vestibular. E as que aderem ao Sisu ainda podem receber estudantes do país todo.
A desvantagem é a perda de autonomia para selecionar perfil específico de alunos. E as que estão no Sisu podem ter evasão alta, pois calouros estarão fora de suas residências, com mais chances de desistir do curso.
Pesquisador da Universidade Federal de Goiás, Nelson Cardoso afirma que o Sisu “é uma experiência válida”, mas exige cautela. Ele considera interessante os alunos poderem disputar vagas pelo país. Mas alerta que, sem grande investimento em assistência estudantil, apenas os mais ricos poderão usufruir dessa vantagem.
Maria Andréia Alves, do diretório central dos estudantes da federal do Piauí, concorda. “Nós tivemos casos de alunos que não conseguiram se manter e abandonaram o curso”, afirmou.
Mas ela defende a prova. “Deixou de ser ‘decoreba’ e passou a ser crítica, facilitando entrada de alunos pobres.” Em geral, o Enem cobra mais interpretação que conteúdos do ensino médio.
Marcos Pesce, representante dos alunos da Universidade Estadual do RS (que integra o Sisu), afirma que uma das preocupações é com a possibilidade de estudantes de outros Estados se formarem na escola e voltarem a seus locais de origem. Isso, segundo o estudante, prejudicará o desenvolvimento regional.