Pesquisadores especialistas que trabalham com tema câncer nas diversas abordagens de pesquisa e representantes do CNPq e Ministério da Saúde se reuniram, nesta segunda-feira (18/08), para analisar os estudos existente hoje no país, quais os gargalos encontrados e sugestões de ação que definirão estratégias de ação para a criação da rede. Como uma das primeiras iniciativas discutidas no encontro, será lançado, em breve, um edital para apoiar pesquisas na área e que venha, também, a estimular o envio de propostas para os Institutos Nacionais de Ciência, Tecnologia e Inovação.
O câncer é hoje a segunda causa de morte em todas as regiões do Brasil, chegando a registrar mais de 120 mil óbitos em 2001 e somente superado pelas doenças cardiovasculares. Nos Estados Unidos este dado se estabeleceu em uma marca preocupante de 200 mil mortes na última década, segundo dados do The Economist.
"Os conhecimentos sobre conjunto de doenças evoluiu de maneira impressionante. Apesar deste grande progresso, há ainda importantes lacunas no conhecimento sobre os mecanismos básicos, celulares, da doença, a relação da heterogeneidade molecular e da histopatologia com a evolução e desfecho clínico, e a eficiência da numerosas abordagens para tratamento, cura ou melhoria da qualidade de vida. Esses parâmetros e determinantes são muito pouco conhecidos em nosso país. Ao mesmo tempo, o Brasil tem um grupo de pesquisadores e pesquisas altamente competentes que, embora ainda pouco expressivo em número, têm produzido resultados de elevado valor", explica o presidente do CNPq, Marco Antonio Zago, presidente da Comissão Coordenadora responsável em organizar o programa e viabilizar a estrutura inicial da rede.
Bem-estar da população
De acordo com o secretário de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE)o Ministério da Saúde, Reynaldo Guimarães, o Ministério da Saúde espera que sejam enfatizadas pesquisas na área do câncer que possam ser apropriadas pelo sistema de saúde e revertidas em benefícios para a população "A quantidade de recursos que temos hoje para pesquisa no país é uma conquista para o Brasil, mas traz a responsabilidade de aplicarmos estes recursos da melhor forma possível", disse o secretário.
A comissão é composta ainda por representantes da Secretaria de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE), do Ministério da Saúde, da Secretária de Política e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento (SEPED), do Ministério da Ciência e Tecnologia, da Diretoria de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (DCT) da FINEP, do Comitê Gestor do Fundo Setorial de Saúde, e da Vice-presidência de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico (PDT) da Fundação Oswaldo Cruz.
A rede
A criação da Rede Brasileira de Pesquisas sobre o Câncer é um esforço conjunto do Governo Federal, envolvendo o Ministério da Ciência e Tecnologia, o CNPq, o Ministério da Saúde, fundações de amparo à pesquisa estaduais, Instituto Pasteur de Montevidéu e o Ludwig Institute for Cancer Research.
"O Instituto Nacional de Câncer (Inca) tem trabalhado em conjunto com a Fundação Ary Frauzino para a manutenção de recursos humanos qualificados, que é um dos gargalos apresentados pela maioria dos pesquisadores. Esta experiência pode ser compartilhada com as outras instituições da rede nacional de pesquisa. Também podemos contribuir com a prestação de serviços na área de bioinformática, também por meio da Fundação", Luiz Antonio Santini Rodrigues da Silva, diretor geral do Inca.
Os resultados esperados com a criação da Rede são a implementação de uma estratégia de unificação de pesquisa básica, translacional e clínica sobre o câncer, de forma a permitir avanços no conhecimento, e fornecer subsídios para a tomada de decisões para as políticas de saúde, propiciando melhorias na qualidade de vida da população.