Comparações feitas pela Folha nas bases de dados do MEC, da Capes e de institutos que medem a produção científica mostram que, apesar das constantes paralisações, a USP continua se destacando no cenário nacional. Seu desafio, no entanto, é ter mais reconhecimento internacional.
O indicador em que a USP mais se sobressai é o de produção científica, medida pelo número de artigos publicados em periódicos especializados. Em 2007, ela respondia, sozinha, por 23% de todos os trabalhos brasileiros, percentual que tem se mantido estável (variando de 21% a 23%) desde 2001.
Uma conta feita pelo Instituto Lobo, no período de 2000 a 2005, indica que a USP não tem apenas volume. A média de trabalhos científicos publicados por doutor em regime de tempo integral é alta (4,9 no período), perdendo apenas da Unicamp (5,0) nas dez instituições comparadas pela Folha.
A alta produção acadêmica é resultado do grande número de programas de pós-graduação avaliados pela Capes. Foram 211 em 2007, mais que o dobro da segunda universidade em número de programas: a Unesp, com 104.
A média dos conceitos da USP na avaliação da Capes foi de 5,1 (numa escala de 0 a 7). Novamente, somente a Unicamp a supera nesse indicador, com média de 5,2.
Como a USP se recusa a participar da avaliação do MEC na graduação, não é possível compará-la neste quesito.
Mas, mesmo com boa parte de seu corpo docente dedicado à pesquisa, os dados do censo da educação superior do MEC de 2007 mostram que ela consegue ser mais eficiente na relação de alunos por professores na graduação em comparação com outras universidades.
Sua relação de alunos por docente foi de 9,7. A UFRJ, com menor volume de produção científica e menor produtividade por doutor, teve média 7,7. Na Unicamp, a média é 8.
Apesar da liderança no cenário nacional, a USP ainda está distante das melhores universidades do mundo.
"Pela estrutura que tem, a USP tem condições de se sair melhor em comparações internacionais", diz Oscar Hipolito, ex-diretor do Instituto de Física da USP-São Carlos e consultor do Instituto Lobo,
No levantamento do jornal britânico "The Times", ela apareceu em 2008 apenas na 196ª posição. Na comparação do Conselho Superior de Investigações Científicas, da Espanha, é a 87ª, tendo apenas a Universidade Autônoma do México à frente na América Latina.
O pró-reitor de pós-graduação da USP, Armando Corbani Ferraz, diz que a universidade trabalha para aumentar sua visibilidade internacional.
"O ranking do "The Times", por exemplo, investiga os egressos de determinadas universidades contratados por grandes multinacionais, que têm preferência por um perfil de profissional que não está na América Latina."
Segundo o pró-reitor, o aumento do intercâmbio internacional de alunos, a maior exposição de linhas de pesquisas da universidade no exterior e a articulação de redes de pesquisas são estratégias em andamento para aumentar a visibilidade da USP no mundo.
Antônio Gois – Folha de São Paulo