Estudantes reclamam que precisarão se deslocar, em alguns casos, até 250 quilômetros de suas casas para fazer o teste
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) está estudando a possibilidade de alterar os locais das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), marcadas para os dias 3 e 4 de outubro. Estudantes estão reclamando da distância de suas casas até o endereço do teste — há casos em que o trajeto chega a 250 quilômetros. Além de contabilizar prejuízos financeiros com transporte, hospedagem e alimentação, a incerteza do local da prova eleva ainda mais a tensão pré-vestibular dos candidatos, que já cogitam a hipótese de processar a União.
Enquanto isso, a estudante Mônica Issa Távora, de 21 anos, que mora em São Francisco, Niterói, não sabe como agir.
Ela foi escalada para fazer a prova em Nova Friburgo, na Região Serrana — a 150 quilômetros de sua casa —, e não tem condições financeiras de pagar hospedagem e transporte: — Quando recebi uma mensagem por celular informando o local da prova, achei que fosse trote! Paguei R$ 97 para fazer a prova do Enem porque vai valer como vestibular da UniRio. Se não trocarem o endereço, vou perder a prova e ver se posso entrar com um processo.
Moradora da Tijuca, a estudante Yasmin Coutinho Oliveira, de 18 anos, foi deslocada para Volta Redonda, no Sul Fluminense.
O percurso, de cerca de 130 quilômetros, será ainda mais extenso: a escola fica em Retiro, no interior da cidade, e ela terá de descer na rodoviária e pegar outro ônibus, que só sai de hora em hora.
— Ano passado, meu nome saiu errado. Por isso tive o cuidado de conferir bem agora.
Ainda estou estudando e não sei como vou fazer a prova, nem em quais condições psicológicas.
Se trocarem o local da prova, meu medo é acabarem não colocando meu nome em lugar nenhum — reclama.
O Globo, 28/09