A megalomania do MEC cravou mais um prego no caixão do Enem como sucedâneo do vestibular. Em março do ano passado, o ministério informou que as notas da garotada teriam validade nacional. Assim, um craque do Piauí poderia conseguir matrícula em São Paulo. Santa medida, tomada em nome de uma política de redução dos desequilíbrios regionais.
Quem ouviu a professora Azuete Fogaça aprendeu: "Pode acontecer o contrário, um aluno com nota baixa de São Paulo pode migrar para uma faculdade do Nordeste. Um não tem nota, mas tem recursos. O outro tem nota, mas não tem recursos". Não deu outra. Os repórteres Fábio Takahashi, Patrícia Gomes e Angela Pinho descobriram que São Paulo importou 169 alunos e exportou 2.531. O Piauí importou 612 e exportou 85. Minas Gerais teve 431 vagas ocupadas por candidatos de São Paulo. Em nome do combate aos desequilíbrios regionais, o melhor que as universidades dos Estados importadores têm a fazer é fugir dessa arapuca.
Elio Gaspari – Folha de São Paulo, 21/03/10