Um outro nome. Uma outra identidade. Um outro eu. Na Vila Mimosa, tradicional área de prostituição no Rio de Janeiro, praticamente todos adotam pseudônimos. Para a jornalista e antropóloga Soraya Simões, a criação de personagens não apenas garante o anonimato de trabalhadoras e clientes, mas também contribui para a construção da zona enquanto espetáculo, com seus cenários e figurinos cuidadosamente elaborados. Ao longo de dois anos, a pesquisadora se enveredou pelas “casas” da Vila, entrevistando os personagens principais e mapeando os conflitos recorrentes desse “baile de máscaras”, como descreve. O resultado do trabalho pode ser conferido no livro Vila Mimosa: etnografia da cidade cenográfica da prostituição carioca (Editora da UFF, 173 p. R$27,00), que será lançado no dia 18 de maio, às 18h, na Livraria Travessa 1 (Travessa do Ouvidor, 17, Centro, Rio de Janeiro).
Em Vila Mimosa…, a autora transporta o leitor para um território em que o desejo e o voyerismo são plenamente exercidos e a moralidade torna-se um peso apenas fora de seus limites geográficos. Sem descuidar do rigor científico, Soraya tende ao literário ao relatar como surgiu a Vila Mimosa e descrever o ambiente e o vocabulário recorrente na zona. Ao compartilhar suas observações, a autora permite que o leitor conheça e reflita melhor sobre essa prática tão antiga e polêmica, que é a prostituição.
Sobre a autora: Soraya Silveira Simões é mestre e doutora em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense. Atualmente, atua como pesquisadora do CLERSÉ – Centre Lillois d’Études et de Recherches Sociologiques et Economiques/ Université de Lille 1, na França, onde realiza seu pós-doutorado. É, também, pesquisadora associada do LeMetro – Laboratório de Etnografia Metropolitana / IFCS – UFRJ. Além de dar continuidade aos seus estudos sobre a renovação urbana, empreende pesquisa de campo de caráter etnográfico no bairro de Lille Sud.