Diretor-presidente da Trevisan Escola de Negócios, membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e do Movimento Brasil Competitivo
O novíssimo estudo sobre o ensino realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no âmbito do Sistema de Indicadores de Percepção Social (Sips), revelou acentuada sensibilidade da população quanto às prioridades nacionais, e uma delas, com certeza, é a formação de maior número de profissionais de nível superior, para atender à crescente demanda de recursos humanos. Pois bem, dentre os programas abordados pela pesquisa, o Universidade para Todos (ProUni) foi o que apresentou a maior visibilidade pública: 61% dos entrevistados afirmaram conhecê-lo.
Mais do que saber de sua existência, a maioria das pessoas defendeu o aumento do número de vagas disponíveis. Oitenta e dois por cento consideraram insuficientes o volume de bolsas de estudo ofertadas, embora os números sejam nominalmente expressivos: desde sua institucionalização pela Lei 11.096, de 13 de janeiro de 2005, até o processo seletivo do segundo semestre de 2010, o ProUni já atendeu 748 mil estudantes, 70% com bolsas integrais.
Acontece que nosso país é o Brasil, com 190 milhões de habitantes e onde se formam no ensino médio, a cada ano, dois milhões de jovens, ansiosos por uma vaga na universidade, o que, para a grande maioria, significa a chance mais concreta de ascensão socioeconômica. Entre esses formandos, ingressam diretamente na universidade 1,1 milhão, aqui já incluídos os bolsistas do ProUni e os abrangidos pelo sistema de quotas. Temos, portanto, déficit anual de 900mil jovens, que não conseguem entrar em instituições públicas ou não podem pagar escolas particulares.
O governo, é verdade, demonstrou atenção quanto ao problema, anunciando, em 2010, investimento de R$ 2,4 bilhões na criação de aproximadamente cem mil vagas nas universidades públicas federais. Os recursos, também nominalmente relevantes, são insuficientes, pois continuamos com 800 mil alunos/ano fora do ensino superior. A melhor, mais rápida e eficaz resposta para o problema é exatamente a indicada pelos entrevistados do Ipea: ampliar o número de bolsas de estudo concedidas pelo ProUni.
O investimento seria muito menor do que o exigido para abrir mais vagas em escolas públicas e propiciaria resposta imediata aos candidatos às universidades e a um mercado de trabalho que enfrenta inusitado e preocupante apagão de mão de obra. Considerando que a abertura de 100 mil vagas nas universidades federais exigiu investimento de R$ 2,4 bilhões, estamos falando de um custo unitário de R$ 24 mil. Nas escolas particulares, o valor, por aluno matriculado, fica em torno de R$ 5 mil.
A rigor, este último dado é meramente referencial, pois nem seria necessário investir, já que há cerca de um milhão de vagas ociosas nas faculdades particulares. Obviamente, esse número tem grandes variáveis, pois é absoluto e não reflete a maior procura por determinados cursos. A utilização dessas vagas, desde que em escolas reconhecidas pelo MEC, possibilitaria o atendimento, a baixíssimo custo, de parcela ampla da demanda reprimida.
É crescente o número de instituições privadas de ensino superior com destaque nas avaliações do Enade, boa gestão e elevada produtividade acadêmica, capazes de propiciar formação de alto nível aos jovens brasileiros. É necessário e pertinente, portanto, ouvir a voz do povo, manifestada na pesquisa do Ipea. A solução está ao nosso alcance.
É crescente o número de instituições privadas de ensino superior com destaque nas avaliações do Enade, boa gestão e elevada produtividade, capazes de propiciar formação de alto nível a nossos jovens