Paulo Renato Souza foi muito respeitado como técnico, mas não conseguiu alçar altos voos políticos. Homem afável, de boa prosa, craque no violão, faltava-lhe malícia para o jogo bruto da política.
Sonhou ser presidente, governador, prefeito ou senador, mas jamais conquistou o PSDB para eleições majoritárias. Seu único mandato eletivo foi para a Câmara, entre 2007 e 2009, quando saiu para a Secretaria de Educação de José Serra em São Paulo.
Uma volta às origens, pois entrou para a política na mesma função no governo Franco Montoro, em 1984.
Ainda jovem, Paulo Renato integrou o grupo de Fernando Henrique Cardoso e José Serra no Chile e era o tesoureiro do fundo para exilados que, como eles, fugiam da ditadura brasileira.
Passou o resto da vida se digladiando com Serra numa intensa relação que alternava amor e competição.
Os dois, economistas, despontaram para a vida pública no governo Montoro, celeiro de uma geração que esteve na linha de frente nas décadas seguintes.
A chegada do grupo ao poder foi no governo que seria de Tancredo Neves e foi exercido por José Sarney (1985-1990). O desembarque efetivo foi com a vitória de FHC à Presidência, em 1994.
Paulo Renato iria para o Ministério do Planejamento. José Serra levou, e ele deslizou suavemente para o da Educação. Foi uma das disputas que travou com Serra. Perdeu todas.
Mas foi no MEC que Paulo Renato chegou ao auge, com a criação do Enem, contra tudo e todos, e a federalização do Bolsa Escola, multiplicado e rebatizado como Bolsa Família no governo Lula. Um legado e tanto.
Sua última tentativa foi a candidatura ao Senado em 2010, mas a vaga tucana, mais uma vez, foi para outro: Aloysio Nunes Ferreira, eleito na reta final. Jogou a toalha. Desistiu da vida pública.