Para especialistas em avaliação, a adesão da UFRJ ao Enem significa a consolidação do exame como processo seletivo e pode levar outras universidades – especialmente federais – a também substituírem seus vestibulares.
“É uma medida econômica e interessante”, diz Isabel Cappelletti, da PUC-SP. “Mas ainda falta verificar se o Enem é realmente democrático e favorece os egressos da rede pública.”
A tendência, afirma Mateus Prado, presidente do Instituto Henfil, é que as federais que já usam o Enem de alguma forma o adotem como critério único. “Essa decisão é muito mais por estarem cada vez mais próximas do governo federal que pelo o que foi o Enem nos últimos anos, com tantos problemas.”
Estaduais. Algumas universidades estaduais já adotam o Enem como critério único na seleção. Em São Paulo, porém, a situação é diferente. A USP diz que não usará o exame neste ano por causa da incompatibilidade entre o calendário de seu vestibular e a divulgação do Enem. Na Unicamp, o uso do Enem é opcional e vai compor até 20% na nota obtida na primeira fase. Mas neste ano, o cálculo será feito na definição das notas finais dos candidatos, após a segunda fase. No vestibular de meio de ano da Unesp, o Enem ajudou a compor o resultado final.
Educadores não creem que as paulistas chegarão a aderir plenamente. “Acredito que podem tentar usar como parte da nota”, diz Leandro Tessler, coordenador de relações institucionais da Unicamp. Mauro Bertotti, da USP, concorda. “Pode voltar como era antes, para ajudar na primeira fase da Fuvest”, diz.
“Acho que USP e Unicamp, pelo menos nos próximos três anos, não deverão adotar. A tendência é que utilizem parcialmente e não deixem de fazer seus vestibulares. Se alguma estadual paulista aderir, deve ser a Unesp, porque tem o vestibular mais parecido com o modelo da prova do Enem”, afirmou Prado.