Milhares de jovens brasileiros contam as horas para a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em 22 e 23 próximos. A mobilização traz à tona vários fantasmas, como a série de falhas ao longo dos últimos anos – a principal delas, o roubo do conteúdo das provas de uma gráfica em São Paulo, em 2009. No entanto, a movimentação estudantil realça a importância do certame, que nasceu para ser importante instrumento de medição da qualidade da educação básica brasileira, objetivo que vem sendo alcançado, apesar dos percalços.
Analisados globalmente, os resultados mostram a evolução (em alguns pontos, involução) dos alunos e estabelecimentos educacionais ao longo dos anos. O Enem 2010 constatou, por exemplo, que o desempenho dos estudantes nas provas objetivas melhorou em relação a 2009. Mais da metade, porém, continua abaixo da média. O Enem também se consolida como passaporte para o ensino superior, quando integrado a ações públicas como o Programa Universidade para Todos (ProUni), que procura dar aos mais pobres melhor chance de acesso às universidades, e ao Programa de Financiamento Estudantil (Fies).
Avaliando-se individualmente, as notas servem como porta de entrada dos jovens para a universidade. Hoje, dezenas de instituições de ensino superior usam o sistema como processo seletivo. A princípio, servia como substituto da primeira fase do vestibular; agora é adotado até para compor a nota final do candidato ou mesmo como forma exclusiva de preenchimento de vagas.
O fato é que o Enem vai, paulatinamente, substituindo o famigerado vestibular como forma de seleção para as universidades. Em 1998, quando surgiu, foi usado por poucas universidades. Em 2004, as instituições que o adotavam somavam 436 (44 públicas e 382 particulares). Agora, só a Universidade de São Paulo (USP) não utilizará em nenhuma circunstância os resultados do exame. A instituição alega incompatibilidade entre os calendários.
Isso mostra que o Enem, associado a outros programas, está democratizando o acesso ao ensino superior – o que pode ser constatado a partir do aumento do número de jovens que saem do ensino público para as universidades federais e estaduais. No ano que vem, pelo menos 230 mil jovens brasileiros chegarão à honrosa escala educacional universitária por meio do exame – o Ministério da Educação estima que 5,4 milhões farão a prova este ano. É imprescindível que o governo se previna e não admita novas falhas, única forma de preservar a credibilidade do Enem.