A porta para o ensino público

Nota do exame nacional do ensino médio vai ser usada em vestibulares de 12 universidades federais de Minas

Ele é o passaporte, a porta de entrada e, em muitos casos, o único caminho para a universidade. O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) faz parte dos vestibulares das 12 instituições federais de ensino superior de Minas Gerais (veja quadro) e será o critério decisivo para preencher mais de 80 mil vagas do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) em todo o Brasil. Tudo isso faz da prova um desafio de arrepiar os cabelos dos 5,3 milhões de candidatos prontos para testar os conhecimentos no fim de semana. Na principal instituição pública do estado, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Enem vai substituir a primeira etapa do vestibular 2012. Assim como no ano passado, a instituição vai usar a nota da prova para selecionar os estudantes que terão direito a participar da segunda etapa do processo seletivo, marcada para os dias 3 a 10 de janeiro. As duas novidades para este ano são: a nota da redação será considerada apenas na segunda etapa do vestibular, e não como parte da primeira fase; e foi criada uma prova de língua portuguesa e literatura brasileira para candidatos a 44 cursos de graduação.

Na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), o Enem vai ter função semelhante à que terá na UFMG, substituindo a primeira fase do vestibular. Já na federal de São João del-Rei (UFSJ), o estudante poderá escolher a nota do Enem ou a obtida na prova de conhecimentos gerais, de acordo com o melhor desempenho. E      na universidade do Triângulo Mineiro (UFTM), o exame nacional vai ajudar a compor a nota da primeira fase do processo seletivo. Nas demais universidades federais mineiras e no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), a grande vedete será o Sistema de Seleção Unificada (Sisu). O programa, adotado pelo Ministério da Educação (MEC) desde o ano passado, usa a nota do Enem como critério para preencher vagas em instituições públicas de todo o país. Este ano, cerca de 80 universidades brasileiras aderiram ao Sisu.

O sistema funciona como um leilão de vagas, em que o estudante pode consultar a nota de corte do curso no qual pretende se inscrever e saber as suas reais chances de aprovação. E como o candidato concorre a vagas de instituições de todo o país se inscrevendo apenas pela internet e usando a nota do Enem, o Sisu facilita a mobilidade estudantil e ainda significa uma economia, já que o aluno não precisa pagar várias inscrições de vestibulares e fica dispensado de viajar para fazer provas em outras cidades. ANSIEDADE Candidata a uma vaga em medicina, Isabela Boncompagni, de 19 anos, é uma das estudantes que apostam todas as fichas no exame nacional. De olho numa chance nas universidades federais de Minas Gerais, de Ouro Preto (Ufop), de Viçosa (UFV) e do Rio de Janeiro (UFRJ), ela depende do sucesso na prova para participar do processo seletivo dessas instituições. “O uso do Enem de maneira unificada é uma comodidade, pois não preciso viajar para fazer várias provas. Mas, ao mesmo tempo, acho ruim, pois meu futuro está atrelado a uma única avaliação. Se, por acaso, eu não me sair bem nos testes de sábado e domingo, não tenho mais alternativas”, diz a aluna do 3º ano do ensino médio do Colégio Sagrado Coração de Jesus, em Belo Horizonte.

Assim como Isabela, outros estudantes tentam driblar a ansiedade diante da grande importância atribuída ao Enem. Nesse barco também estão Rodrigo Lara Santos e Isabela Albertini, ambos de 18 anos, que vão tentar vaga em biomedicina e engenharia mecânica, respectivamente. “Esta semana, com a proximidade da prova, está difícil controlar o nervosismo. Quando deito e ponho a cabeça no travesseiro, só consigo pensar no teste e, se durmo, tenho até pesadelos. Minha responsabilidade no fim de semana é muito grande, pois dependo do Enem para todos os vestibulares que vou disputar”, conta Rodrigo, candidato à UFMG e à UFRJ. Além de fazer parte dos processos seletivos das faculdades, o Enem é o principal critério para o Programa Universidade para Todos (ProUni), que oferece bolsas de estudos para alunos carentes em instituições particulares; para o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies); e também para a obtenção do certificado de conclusão do ensino médio.