Brasília – O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse hoje (23) em audiência na Câmara dos Deputados, que a aplicação do pré-teste do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é a parte mais preocupante do processo de elaboração e aplicação da prova. Ele foi convocado pela Comissão de Finanças e Tributação da Casa para prestar esclarecimentos sobre o aumento dos custos do Enem.
Na edição deste ano, alunos do Colégio Christus, de Fortaleza (CE), tiveram acesso prévio a 14 perguntas por meio de uma apostila distribuída pela escola dias antes da aplicação do Enem. De acordo com o MEC, o vazamento ocorreu na fase de pré-testes do exame, da qual a escola participou em outubro de 2010. A Polícia Federal investiga o caso e segundo Haddad há “fortes indícios” de que um professor do cursinho da mesma instituição foi o responsável pelo vazamento. Os alunos do Christus que participaram do Enem tiveram essas questões anuladas.
O pré-teste dos itens é feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) para avaliar se as questões em análise são válidas e qual é o grau de dificuldade. Depois de aprovadas, elas são incluídas em um banco de itens utilizado para montar a prova. Os cadernos de aplicação do pré-testes devem ser devolvidos aos fiscais no fim da prova e não podem ser retidos pelas instituições de ensino.
Na avaliação de Haddad, outras etapas do processo estão “bem amarradas”, como a logística de distribuição e produção das provas. Segundo ele, o problema está na aplicação, quando entra o “fator humano”. O ministro defendeu que qualquer pessoa que tente fraudar o exame precisa ser “punida exemplarmente”.
Para o ministro, o fato de que as notas do Enem são ranqueadas e utilizadas pelas escolas para fins publicitários, aumenta “a ambição por conhecer esses itens”. “Acho que foi isso que aconteceu em Fortaleza. Alguém querendo mostrar serviço colocou os alunos nessa situação. E alunos que não precisavam daquela ajuda”.
O ministro foi duramente criticado por parlamentares da oposição sobre os erros ocorridos nas últimas edições do exame. Ele disse que as falhas fazem parte de qualquer grande teste e comparou o Enem a outras provas como o americano SAT. Líder do PSDB na Câmara, o deputado Duarte Nogueira (SP) questionou o ministro sobre “quantos seriam os erros do próximo Enem”.