Proposta de flexibilização foi aprovada pela Comissão de Graduação e agora será votada pela Congregação
A Comissão de Graduação da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) aprovou uma proposta de flexibilização do currículo, de modo que o aluno possa cursar disciplinas fora de sua área de origem. A nova estrutura ainda precisa ganhar aval da Congregação da Poli.
A Poli possui 17 cursos de graduação em quatro grandes áreas da engenharia. Segundo o coordenador do projeto, Francisco Cardoso, a proposta de flexibilização da estrutura curricular dá mais liberdade aos alunos para traçar suas trajetórias dentro do curso.
A proposta se baseia em duas vertentes. A primeira é a integração entre os diferentes cursos da Poli através do oferecimento de disciplinas optativas livres em todos os cursos. A ideia é que pouco mais de 10% das disciplinas oferecidas estejam abertas a alunos tanto de outras habilitações da engenharia quanto de qualquer unidade da USP.
Para ele, a Poli ganharia uma grande diversidade de alunos, o que já se comprovou ser muito eficiente e vantajoso na experiência da Engenharia Civil, que recebe alunos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP. “Essa presença de alunos da FAU que acontece desde 2004 tem mudado o curso e influenciado a aula”, comenta.
A segunda vertente é que os cursos da Poli terminem no quarto ano. No quinto ano, o aluno poderia fazer um bloco de disciplinas em outra habilitação, já que durante o curso ele pode perceber a necessidade de se especializar mais em outra área, ou mesmo em unir duas especializações diferentes. Além disso, ele teria a oportunidade de começar um curso de pós-graduação e mestrado mais cedo. Esses pacotes seriam oferecidos para todos os alunos da Escola.
“Queremos que desde o primeiro ano o aluno comece a ter um contato maior com as engenharias, e tenha a oportunidade de explorar não só a sua modalidade, mas também as outras”.
Para o professor Felipe Pait, a flexibilização é também ferramenta benéfica para o futuro profissional dos alunos. “Em um curso mais flexível, o aluno começa desde cedo a procurar seu próprio caminho. É importante que ele comece a tomar as próprias decisões”, comenta.
Além disso, ele afirma que o currículo atual pode muitas vezes se tornar pesado e desmotivante, o que acaba gerando acomodação tanto dos alunos quanto do próprio departamento. Com a possibilidade de procurar disciplinas que ele considere mais interessantes, o estudante pode tanto se aprofundar em sua especialização quanto descobrir novas áreas. “Cada aluno é diferente, então é difícil ter um pacote de disciplinas que funciona para todos”, completa.
Para Pait, “os currículos na Poli, e de uma maneira geral da USP, são muito rígidos. O aluno entra e segue uma lista de disciplinas pré-determinada, que é a mesma para todos os alunos do mesmo curso.”
* com informações da Agência USP