Docentes eram da Uniban, da UniABC e da Senador Fláquer, instituições adquiridas recentemente pelo grupo
Segundo sindicato, é o maior corte em 20 anos; poderá haver outras contratações com valor menor de hora/aula
DE SÃO PAULO
Maior rede de ensino superior do país, a Anhanguera Educacional demitiu neste final de ano cerca de 680 professores de três instituições adquiridas recentemente na capital paulista e no ABC.
Somente na Uniban da capital, foram cortados por volta de 400 docentes, o que representa metade do quadro. A instituição foi comprada pelo grupo em setembro.
Segundo o Sinpro-SP (sindicato dos docentes), é o maior corte numa instituição em ao menos 20 anos. E boa parte dos demitidos são mestres e doutores, ou seja, com salários maiores.
Também houve cortes de professores no campus ABC da Uniban, na UniABC e na faculdade Senador Fláquer. Juntas, elas possuem pouco mais de 60 mil estudantes.
Nas escolas circula a informação que a Anhanguera contratará docentes para suprir parcialmente o corte, mas com titulação menor e com hora-aula mais baixa.
Segundo professores, um mestre da Uniban ganha R$ 38 por hora. A Anhanguera pagará R$ 26 aos novatos.
Os dados sobre as demissões foram levantados pelos sindicatos dos docentes. Em nota, a Anhanguera confirmou que houve “desligamentos”, sem informar o volume nem como será a reposição.
CRÍTICAS
“A demissão não teve a ver com a minha aula, foi só por causa da titulação”, disse uma docente de psicologia.
“Eles estão fazendo uma reengenharia econômica, com prejuízo às condições de trabalho e de ensino”, afirma o presidente do sindicato paulistano de professores, Luiz Antonio Barbagli.
Outra mudança para 2012 é que os mestres e doutores que permanecerem terão de reduzir suas cargas de trabalho, diminuindo os salários.
Legalmente, as universidades precisam ter ao menos 1/3 de professores com mestrado ou doutorado. Mas há o entendimento de que a porcentagem diz respeito ao número de docentes, não à quantidade de aulas dadas.
Mesmo antes dos cortes, a Uniban já enfrentava problemas de qualidade de ensino.
Na última avaliação federal, a escola teve nota 2 (numa escala de 1 a 5) e foi considerada reprovada pelo governo.
Segundo o sindicato dos docentes do ABC, outra alteração é a diminuição de aulas presenciais. No caso da UniABC, os alunos tinham 20 por semana e passarão a ter 9. Os estudantes receberão aulas à distância.