A presidente Dilma Rousseff está empenhada em fechar a equação política que falta para anunciar o substituto de Aloizio Mercadante no Ministério de Ciência e Tecnologia. Mercadante substituirá Fernando Haddad na Educação – a nova previsão de saída de Haddad é dia 24, véspera do aniversário de São Paulo. Mas a presidente encontra dificuldades para definir a sucessão na pasta de Ciência e Tecnologia. Se o ministério permanecer com o PT, o nome apoiado pelo partido é o do deputado Newton Lima (SP), duas vezes reitor da Universidade de São Paulo (USP). Especulou-se, contudo, um desejo de Dilma de trazer Ciro Gomes para o seu governo. Mas aí é necessária uma mudança na pasta de Portos para que o PSB não fique com três ministérios. Uma saída seria escolher um nome técnico. Nesse caso, o mais cotado é Marco Antônio Raupp, presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB).
Dilma poderá optar por essa alternativa caso encontre dificuldades para alterar o equilíbrio de forças na Esplanada. Raupp é originário do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), a principal instituição de pesquisa do setor, com sede em Petrópolis. Ele também foi vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e, além de técnico, tem bom trânsito no meio político.
Outros dois nomes aparecem com menos força, caso Dilma opte por uma alternativa não partidária. Um deles é Jorge Guimarães, presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e que já foi secretário do próprio MCT antes de ser convidado, em 2003, pelo então ministro da Educação, Tarso Genro, para presidir a entidade. Por fim, mas com menos possibilidades por ser um nome com menor habilidade política, surge Glaucius Oliva, atual presidente do CNPq.
O PT não faz questão de manter o Ministério de Ciência e Tecnologia, desde que seja compensado com outra pasta. O partido segue de olho em Cidades, hoje ocupada pelo PP e que já esteve nas mãos dos petistas no início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva – o ministro era Olívio Dutra (RS). “Tudo vai depender do giro que a presidente fizer nas cadeiras. Ela pode deslocar o PP para uma pasta menor”, disse uma liderança partidária ao Correio.
O presidente nacional do PT, deputado estadual Rui Falcão, não quer confrontar-se com o Palácio do Planalto neste momento de indefinição. “Até o momento, o PT não indicou ninguém nem foi consultado sobre qualquer mudança, que é atribuição da presidente da República”, declarou Falcão. Caso permaneça com Ciência e Tecnologia, os petistas fecharão o apoio ao deputado federal Newton Lima.
A presidente poderia, no entanto, ousar um pouco mais e convidar Ciro Gomes. Como o Correio antecipou, Ciro e Mercadante chegaram a conversar no MCT, mas a presidente precisará fazer uma grande engenharia se quiser implantar essa mudança. A primeira seria definir o destino da Secretaria de Portos, atualmente ocupada por Leônidas Cristino, afilhado político de Ciro. Dilma já manifestou a integrantes do governo o desejo de fundir a Secretaria dos Portos com o Ministério dos Transportes. Se não for possível, pode tirar o PSB da pasta, para que o partido permaneça do mesmo tamanho que tem hoje. “Nós não estamos reivindicando nada e não condicionamos nosso apoio a presidente a nenhum cargo no governo federal”, apressou-se a dizer o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral.
Vitória
Na outra mudança já confirmada na Esplanada – a secretária de Políticas para Mulheres, Iriny Lopes, será candidata à prefeitura de Vitória -, um dos nomes cotados para assumir é o da atual secretária adjunta da pasta, Rosana Ramos. Tida como um nome técnico dentro do partido, Ramos faz parte da corrente Articulação de Esquerda, detentora da indicação da cadeira.
Reuniões a partir de quinta
A presidente Dilma Rousseff promoverá reunião setoriais com os ministros na quinta e na sexta-feira, como uma preparação para a primeira reunião ministerial de 2012, marcada para a próxima segunda-feira. Dilma quer ouvir uma primeira avaliação dos ministros sobre as respectivas pastas e deve também iniciar a discussão sobre os cortes que serão realizados no Orçamento de 2012. A previsão é de que o contingenciamento seja de R$ 60 bilhões a R$ 70 bilhões.