De acordo com o relator das diretrizes curriculares para o ensino médio, a metodologia praticada não dá conta dos interesses da juventude
São Paulo – O Ministério da Educação publicou na edição desta terça-feira (31) do Diário Oficial da União as diretrizes curriculares para o ensino médio de todo o país. De acordo com o relator do texto e membro do Conselho Nacional de Educação, José Fernandes de Lima, a iniciativa visa a propor um ensino “menos técnico e mais prático e humano”.
“Essas diretrizes estão substituindo as diretrizes de 1998. Aprovamos o texto em maio de 2011 e ele foi homologado em janeiro de 2012. Desde 1998, muita coisa mudou, muita coisa evoluiu. Por exemplo, o número de alunos no ensino médio quase dobrou nesses 14 anos. Apareceram novas avaliações”, explica o relator.
Uma dessas novas avaliações, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) surgiu em 1998 e já é utilizado como critério de seleção por 500 universidades federais e estaduais, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). José Fernandes negou que as alterações nas diretrizes foram elaboradas pensando em similaridade com a metodologia praticada pelo Enem. No entanto, assumiu que esse processo se dará espontaneamente no futuro.
“As diretrizes que nós escrevemos estão dizendo que precisamos fugir daquele ensino de ‘decoreba’. Tem de ensinar os textos, os conteúdos mais voltados para a vida, para a prática. Nesse caso, quando as pessoas começarem a praticar mais as diretrizes vai haver uma natural aproximação com o Enem”, teorizou o conselheiro.
Essa mudança de filosofia para os estudantes do ensino médio fica evidente quando o relator inclui nas diretrizes que o ensino deve ser norteado pelo “aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico”, diz a resolução no Diário Oficial.
Preparando para a vida…
“Entendemos que o ensino médio tem um espaço muito grande ainda para melhorar. O que vem sendo praticado não está dando conta dos interesses da juventude”, ressalta o conselheiro do CNE. José Fernandes defende que “o ensino médio não é apenas para preparar para o vestibular e para o mercado de trabalho, ele tem de preparar para a vida também.”
Baseando-se na formação integral do estudante, a iniciativa ainda prega que o aprendizado deve basear-se na “educação em direitos humanos como princípio nacional norteador”, e a sustentabilidade ambiental como meta universal. Para o relator, o ensino médio que vem sendo praticado não está dando conta dos interesses da juventude, por isso, a necessidade de mudança.
Matérias
Apesar das alterações recomendadas, as matérias tradicionais também foram mencionadas nas diretrizes. Divididas por áreas de conhecimento, as velhas conhecidas dos alunos deverão seguir a seguinte orientação: de linguagens constam as aulas de língua portuguesa, língua materna (para populações indígenas), língua estrangeira moderna, arte e educação física. O ensino da língua espanhola também é colocado como obrigatório pelas instituições de ensino.
Matemática é a segunda área de conhecimento. A terceira é ciências da natureza, subdivididas em biologia, física e química, e as ciências humanas, que incluem as disciplinas de história, geografia, filosofia e sociologia.