Universidades privadas de SP estão com problemas para o início deste ano letivo.
Há duas décadas o setor privado evolui e se consolida como opção deliberada de política de Estado.
Neste período, a proporção de oferta de vagas oscilou em torno de 75% para o setor privado e 25% para o público.
É necessário diferenciar os grupos no setor privado. Pequenas instituições foram fundidas em empresas educacionais maiores e, em seguida, foram vendidas para grupos financeiros internacionais ou nacionais.
Há também os grandes grupos de capital nacional e as confessionais.
Paralelamente a isso, e por isso, o Estado produziu programas como o Prouni [bolsas de estudo em escola privada] e o Fies [financiamento estudantil] para produzir oferta e atender a demanda.
Disso resulta a forte tendência da internacionalização da educação superior privada pela via da abertura de capitais na bolsa de valores.
Grupos que trilham esse itinerário passam a orientar as tendências do setor.
Com uma gestão ditada pela rentabilidade do capital financeiro internacional, os professores sofrem as consequências neste grupo.
Porém, nos demais a situação é pior, pois não há entrada de capital internacional. Esta é a situação das quatro universidades em pauta.
Ressalte-se também que pesquisas mostram que alunos estão trabalhando para estudar, e não estudando para conseguir e manter colocação no mercado de trabalho.
Outrora a educação superior era questão de Estado. Hoje, se encontra em fórum normatizador de acordos e contratos de comércio internacional. O Estado não tem soberania no setor.
A educação se tornou mercadoria e fetiche. Os atores do setor devem reivindicar e mostrar isso à sociedade.
Mas, em última instância encontra-se o Estado. É bom lembrar-se das palavras bíblicas “quem pariu Matheus que o embale”.
JOÃO DOS REIS SILVA JÚNIOR é professor da UFSCar, livre-docente em educação