SAT, exame usado como seleção pelas universidades dos EUA, fica mais rigoroso
Depois do escândalo de fraude que envolveu dezenas de estudantes de Long Island no ano passado, o exame de seleção para ingresso nas universidades americanas SAT (espécie de Enem americano) passará a exigir que os candidatos forneçam uma fotografia quando assinarem a prova – e funcionários deverão conferir a imagem coma identificação apresentada.
As novas regras fazem parte de uma série de mudanças anunciadas nos últimos dias.
O objetivo do rigor é combater fraudes como as dos alunos combo as notas que costumavam falsificar suas identidades para fazer o SAT para outros colegas.
Em geral, diretores e superintendentes de colégios e universidades aplaudiram as novas medidas, muitas das quais eles reivindicavam há mais de dez anos. Mas ninguém garantiu que o novo sistema será à prova de fraudes, dada a pressão à qual os estudantes e os pais são submetidos pelo processo de admissão em uma universidade e a decisão de alguns de pagar para isso.
A descoberta das falsificações foi embaraçosa para as instituições que aplicam os testes, nas quais praticamente todas as universidades e faculdades americanas confiam para selecionar seus alunos.
As mudanças serão adotadas em todo o território nacional e entrarão em vigor no início do próximo ano letivo, perto do fim deste ano, afirmou Kathleen M.
Rice, promotora do Condado de Nassau. No ano passado, a promotoria acusou 20 adolescentes de cinco escolas secundárias; 5 foram acusados de fazer os exames para colegas e 15 de pagar US$ 500 a US$ 3,6 mil pelas provas. Kathleen afirmou que é possível que haja 50 estudantes envolvidos no esquema.
As mudanças, segundo ela,são um alerta para os candidatos que podem querer usar a mesma estratégia. “Eles serão apanhados e responsabilizados pelos seus atos”, disse. “O sistema antigo não previa isso.”
Detalhamento. A fotografia que os estudantes devem anexar aos documentos por computador será impressa no cartão de admissão e na lista do centro onde se realizam os testes. Desse modo, os fiscais de exame poderão comparar a foto com a identificação apresentada no dia do exame e com o próprio rosto do estudante.
Outra importante mudança obriga os candidatos a identificarem seu colégio, que agora passará a receber suas notas.Anteriormente, cabia aos estudantes decidir se essas seriam enviadas à sua escola ou não. Com isso, ficava difícil para os estabelecimentos de ensino detectar notas suspeitas, principalmente quando os fraudadores, como nos casos do condado de Nassau, faziam o exame longe de casa, onde ninguém os conhecia.
Agora, as escolas receberão uma foto do estudante que fez o exame – e a nota. “Esse sistema permitirá aumentar a segurança do processo”, afirmou Henry L.Grishman, supervisor de ensino de Jericho, Long Island.
Os alunos precisarão também especificar o sexo e a data de nascimento. As autoridades afirmaram que um dos cinco adolescentes presos por prestarem o exame em nome de outro havia feito testes para garotas com nomes neutros – incluindo sua namorada – apresentando uma identificação falsa.
As instituições que aplicam os testes também eliminarão a possibilidade de o estudante se registrar no mesmo dia do teste. “Os estudantes que não aparecem na lista ou que não apresentaram uma identificação suficiente, não poderão realizar o exame”, explica Rice. Os estudantes terão também de concordar com a possibilidade de serem processados por fraudar um exame.
Dificuldades. Alguns diretores observaram que grandes colégios que não dispõem de um nú- mero suficiente de funcionários para as devidas averiguações serão obrigados de qualquer modo a verificar todas as fotos e as notas. “As medidas nos proporcionamos instrumentos para monitorar o que os jovens estão fazendo nesses testes importantes”, disse Bernard Kaplan, diretor do Great Neck North, que, assim que descobriu a fraude, informou o gabinete de Rice.
Robert Schaeffer, da FairTest, uma entidade que defende melhores formas de avaliação, acredita que as mudanças “devem eliminar parte das fraudes”, mas “não contribuirão para solucionar o problema mais grave que é colaboração dentro da própria instituição que ministra os exames, ou simplesmente a cópia”.
Kathleen Steinberg, diretora de comunicações do College Board, organização que vende às faculdades os testes que avaliam o preparo dos estudantes, disse que no ano passado foram realizados cerca de 2 milhões de exames, dos quais foram questionadas 3 mil notas e mil foram anuladas.
Além disso, 750 estudantes foram reprovados por várias infrações, como levar celulares no local do exame.
Steinberg disse que o Edcational Testing Service, que administra o SAT, gastou US$ 21 milhões em segurança no ano letivo de 2010/2011. O candidato paga US$ 49 para poder fazer o teste.
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Falhas
BERNARD KAPLAN
DIRETOR DO GREAT NECK NORTH
“A fraude do ano passado trouxe à luz um problema concreto dos exames de admissão para as universidades americanas.”
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Para entender
Teste é modelo para o Enem
O Scholastic Assessment Test – conhecido pela sigla SAT – é exigido para admissão em universidades americanas e inspirou o modelo atual do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Ele é aplicado várias vezes ao ano, e cada instituição define uma nota de corte.
A prova pode ser feita no mundo todo – em São Paulo, o Colégio Bandeirantes, na zona sul, é um dos locais credenciados para aplicação do exame.
Há dois tipos de SAT. O SAT Test que avalia os conhecimentos linguísticos e matemáticos do candidato, em múltipla escolha. Já o SAT Subject abrange inglês, história, matemática, ciências e línguas, em múltipla escolha. Sua exigência varia de acordo com cada universidade