Entidades dizem que Brasil atingirá meta de formação de médicos sem novas vagas

Estudo divulgado nesta segunda-feira afirma que, até 2020, País terá 2,20 médicos para cada 1 mil habitantes, mas distribuição para interior continuará ruim

Projeções de entidades médicas mostram que, em 2020, o Brasil terá 2,20 médicos para cada 1 mil habitantes. O número, bem próximo da meta estipulada pelo governo federal como ideal (2,50), será alcançado sem a ajuda de nenhuma vaga extra em cursos de Medicina de acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), responsáveis pelas análises.

O estudo divulgado nesta segunda-feira é mais uma “crítica” dos médicos à proposta do governo de ampliar a quantidade de médicos formados no País, anunciada no início do mês. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, divulgou a criação de 2.415 novas vagas em cursos de Medicina em universidades federais e particulares a partir do segundo semestre. O objetivo é, segundo ele, melhorar a distribuição de médicos no País, estimulando a interiorização deles.

Grande parte das novas vagas e cursos será criada no Norte e no Nordeste, especialmente em cidades que não possuem a graduação. Para as entidades médicas, no entanto, a medida não vai ajudar a distribuir melhor os médicos do País. “É uma contradição que não vai se resolver com mais faculdades ou vagas em cursos de medicina. O que regula a distribuição de médicos é o livre mercado”, destaca o presidente do Cremesp, Renato Azevedo Junior.

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Azevedo diz que as projeções feitas pelo Conselho, com base na quantidade de formandos e vagas disponíveis em dezembro de 2010 e no crescimento populacional do País, mostram que a meta que o governo criou, de ter 2,50 médicos para cada 1 mil habitantes seria atingida em 2026. Sem a necessidade de novas vagas e cursos. As entidades médicas têm se manifestado contra a proposta de forma veemente.

Para elas, a medida não resolverá o problema da distribuição dos profissionais onde há escassez de médicos e a qualidade da formação pode ficar em risco. “Só vai agravar e piorar o estado ruim em que já estamos. Os médicos vão continuar indo trabalhar onde há mais renda e para o setor privado. O problema é a falta de políticas públicas que garantam boa carreira, bons salários, condições de trabalho”, afirma.

Os números do estudo “Concentração de médicos no Brasil em 2020” mostram que, em São Paulo capital, por exemplo, há 4 médicos para cada 1 mil habitantes. Mas faltam profissionais na periferia. Em 2020, sem contar as novas vagas em cursos de Medicina, a projeção é de que haverá 455.892 médicos trabalhando no Brasil. O que daria uma relação de 2,20 médicos a cada 1 mil habitantes, considerando uma população estimada de 207.143.243 pessoas.

Por essa projeção, capitais como Vitória, Porto Alegre, Belo Horizonte e Rio de Janeiro teriam uma relação de médicos por 1 mil habitantes de 17,85; 12,19; 9,85 e 8,77, respectivamente. Cidades de médio porte como Botucatu (SP), Ribeirão Preto (SP) e Criciúma (SC) são outros exemplos, com relações de profissionais e habitantes estimadas em 11,06; 7,21 e 4,47 médicos para cada 1 mil habitantes.

Carreira federal
Os que defendem a proposta dos Ministérios da Educação e da Saúde criticam as entidades médicas, acusando-as de corporativismo. “Não existe um número mágico de quantos médicos são necessários para essa ou aquela população. A questão não é quantidade, mas a qualidade da formação deles – hoje temos faculdades que não têm corpo docente, biblioteca, hospital-escola. Além disso, a distribuição deles pelo território é o problema”, afirma Azevedo.

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Na opinião do presidente do Cremesp, a criação de uma carreira federal para os médicos seria o ideal para fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) e a distribuição dos profissionais pelo território nacional. Com bons salários e uma carreira definida, os representantes das entidades acreditam que os médicos topariam passar temporadas em cidades pequenas, mesmo sem grande estrutura para recebê-los.

 

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