A partir de 2007, a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e grande parte das instituições federais de ensino superior do país, iniciaram um vigoroso processo de evolução transformadora no diz respeito à sua expansão, com base em diretrizes estabelecidas no ousado Plano de Expansão e Reestruturação das Universidades Federais (Reuni), do Governo Federal. Ao ingressar no Reuni, as universidades avançaram consideravelmente em relação às suas estruturas físicas, ao aumento do quadro docente e técnico e à criação de mais cursos de graduação com maior oferta de vagas – mais que dobrou o número de matrículas. No rastro desse virtuoso crescimento, a pós-graduação também foi positivamente impactada em novas áreas.

Para um país em pleno desenvolvimento econômico e social como o Brasil, foi altamente alvissareiro que o Governo Federal rompesse com a letargia em que há décadas se encontravam as universidades, aproximando-as da realidade do país e das demandas crescentes da sociedade por formação qualificada de recursos humanos. Na Ufes, em particular, a evolução foi extraordinária, e possivelmente a maior em sua trajetória de 58 anos. Ademais, a expansão das universidades resgatou o conceito da necessidade de políticas públicas que privilegiem notadamente os investimentos em educação superior.

Agora, uma reedição do Reuni bate à porta, em um novo modelo, e é o que nós reitores das universidades federais estamos a debater com o governo. Acredito que há de se buscar um formato que não se limite a intervenções como a abertura de novos campi, obras e contratação de pessoal. Precisamos buscar outros focos de investimentos, como o intercâmbio acadêmico entre as universidades brasileiras e estrangeiras, por exemplo, neste ambiente atual em que a ciência e o conhecimento não têm fronteiras. Precisamos ter o foco na excelência, com a atualização e flexibilização de currículos, e com projetos pedagógicos que articulem a graduação com a pós-graduação. Precisamos de intensa mobilidade estudantil, com formação multi e interdisciplinar, e também buscar novas e produtivas possibilidades de interação da academia com a sociedade.

Para isto, há que se adotar políticas públicas mais abrangentes para a educação superior, de caráter interministerial, que envolva mais amplamente as diferentes esferas governamentais com a educação. A agenda que estamos construindo assinala, por exemplo, o forte incremento à iniciação científica, forjando uma elite do conhecimento em múltiplas áreas da ciência, da tecnologia e da inovação, e que está na pauta do processo de desenvolvimento do país. Em outra ponta, devemos responder a uma forte demanda voltada para a educação básica, com mais investimentos nas licenciaturas, para qualificar na graduação e na pós-graduação aqueles profissionais que estão ou que irão ensinar nas séries iniciais. Esse é um investimento indispensável ao Brasil, e a universidade pública é a ponte estratégica neste caminho.

Quero crer que um novo percurso deve nortear o ensino superior público, numa realidade em que a educação e o conhecimento são ferramentas decisivas para um futuro de sustentabilidade. Neste aspecto, um novo programa de expansão deverá privilegiar a excelência acadêmica e de gestão, com diretrizes efetivas que assegurem processos permanentes de modernização. É nesta direção que a Ufes pretende avançar nos próximos anos, a partir do planejamento estratégico que estamos construindo, para se tornar uma universidade mais pulsante, moderna, indutora e que acelere a produção do saber em prol da sociedade.

Reinaldo Centoducatte é reitor da Ufes e vice-presidente da Andifes / Região Sudeste