Na tarde desta terça-feira (19), véspera do Dia Nacional da Consciência Negra, durante a reunião do Conselho Universitário (Consuni) da Universidade Federal do Tocantins, foi aprovada a cota para estudantes pertencentes a comunidades quilombolas no processo seletivo dos cursos de graduação da UFT. O Conselho reuniu-se no auditório do Bloco IV, e a sessão foi conduzida pelo reitor Márcio Silveira e pela vice-reitora Isabel Auler.
Após explanação e discussão da proposta pelos conselheiros, eles votaram de modo unânime pela criação de uma cota específica para moradores e descendentes de comunidades quilombolas no processo seletivo para ingresso nos cursos de graduação da UFT, garantindo 5% das vagas disponíveis (o que perfaz um total de 85) para os candidatos com este perfil, para ingresso a partir do segundo semestre de 2014.
“Estou muito feliz, não só por mim, mas por todas as comunidades quilombolas, por este espaço aberto na UFT, um espaço que nós não tínhamos antes, mas agora reconhecidamente como quilombolas”, disse Samara Tavares da Silva, estudante e representante das comunidades de Carrapato, Mata e Formiga sobre a aprovação da cota.
Outro estudante que comemorou a aprovação foi Clebson Crisóstomo Valadares, da comunidade quilombola Poço Dantas, no município de Almas. “É algo muito importante e que vai trazer oportunidade aos jovens e também a adultos que desejam estudar na universidade”, disse. Na reunião do Consuni também estiveram presentes o secretário estadual do Meio Ambiente e ex-reitor, professor Alan Barbiero, e mais de 70 representantes de comunidades quilombolas do Tocantins, além de estudantes e integrantes de movimentos de luta pelos direitos dos negros e quilombolas.
Entre as considerações apresentadas pelas lideranças quilombolas, a principal se referia ao percentual de 5% das vagas para os cotistas, o mesmo número da cota para indígenas. O questionamento foi feito porque os números da presença de quilombolas no estado é consideravelmente maior do que de indígenas, introduzindo a sugestão para a reserva de 10% das vagas.
A vice-reitora Isabel Auler apresentou uma leitura da projeção dos números de cotas para os anos de 2014, 2015 e 2016. A vice-reitora mencionou que estes 5% serão disputados exclusivamente entre os quilombolas, e que o atual sistema do Ministério da Educação destina mais 25% das vagas deste ano, outros 37% no próximo ano, e atinge 50% em 2016, para estudantes de escolas públicas, indígenas, negros e pardos.
“A universidade não pode fechar suas portas para os oprimidos, para as minorias e para todos aqueles que precisam dela”, disse o reitor Marcio Silveira quando da apresentação da proposta durante a reunião, enfatizando a importância do momento histórico e da relevância da aplicação da política pública referente à inclusão de quilombolas pela UFT, de modo pioneiro – assim como foi para as cotas indígenas.
Por Taciano Gouveia e Samuel Lima
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