Ninguém pode servir a dois senhores. Mas no caso do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a prova nem serve ao ensino médio e nem é boa substituta do vestibular. Aos fatos.
A rigor, o exame não apenas não contribui para melhorar o ensino médio, como sequer pouco tem a ver com o próprio: dos 7 milhões de inscritos em 2013, apenas 22% estavam concluindo essa etapa de ensino, mais da metade já a havia ultrapassado. Portanto, a relação entre o Enem e o ensino médio é insignificante. Pouco sabemos sobre a melhoria dos resultados desse exame, dadas as variações na população e nos critérios de correção das provas e que se refletem na flutuação dos resultados. Em 2013, a média dos alunos das escolas estaduais foi inferior à média 5 em quase todas as provas e apenas 10% dos alunos das escolas públicas se aproximaram da média daqueles das escolas particulares. Atenção: estamos comparando os 10% melhores com a média do outro grupo. Se o objetivo da avaliação é prover informações com o objetivo de corrigir deficiências, nenhuma decisão foi tomada.
O Enem também não é um bom substituto para o vestibular. O exame é longo, caro, sua logística é complexa e vulnerável, não tem validade preditiva, ou seja, não indica se o aprovado terá sucesso na etapa posterior. Há outros substitutos mais inteligentes para o vestibular, como também formas mais simples, eficazes e baratas de selecionar alunos. Basta olhar no Google ou perguntar a quem é do ramo.
Onde está o problema? A julgar pelo entendimento do MEC, está nos professores do ensino médio. E, para isso, o governo aciona sua receita infalível: dá-lhe bolsa! Os novos marsupiais são os professores dessa etapa, identificados como os responsáveis pelo descalabro do sistema. E para dizer que não errou sozinho, o governo, com sua inigualável competência de cooptação, cria mais um pacto. É muito pacto para pouco impacto.
É inacreditável a insensibilidade do MEC, dos que o assessoram, do setor produtivo e das elites nacionais em relação ao tema: o ensino médio tal como conhecemos só existe no Brasil e é inviável. Mas ainda que fosse um modelo viável, o nível de conhecimento dos alunos que concluem o ensino fundamental não é adequado para assegurar o seu sucesso nesse modelo acadêmico – e nada indica que o nível dos alunos mudará significativamente nos próximos anos. Gravíssimo: dos candidatos ao Enem em 2013, 4,2 milhões são mulheres, 3 milhões são homens. O ensino não corresponde mais aos anseios dessa juventude. E se não há trabalho e nem estudo: bolsa neles! Em breve a república estará coberta de marsupiais.
Alguns dados para focar o debate. Havia 3,4 milhões de vagas no 1º ano do ensino médio, mas pouco mais de 2,5 milhões haviam concluído o ensino fundamental em 2011. Para cada 100 alunos que ingressam no ensino médio, pouco mais da metade o terminam, em média 4,5 anos depois. Cerca de 42% dos alunos do ciclo médio público estudam em escolas noturnas, onde impera o faz de conta. O aluno que não conclui essa etapa ganha menos do que aquele que só concluiu o fundamental. Menos de 10% da matrícula do ensino médio se dá em cursos técnicos, e mais de 70% dela, em escolas privadas.
Deu para entender? O xis da questão é a concepção que temos desse tipo de ensino e a falta de diversificação e de sintonia dessa etapa com a efetiva condição dos alunos e as necessidades do novo mundo do trabalho. O projeto de mudança do ensino médio que se encontra na pauta da Câmara só piora o que está aí. Enquanto a sociedade brasileira se recusar a entender o problema, continuaremos sacrificando legiões de jovens no altar da ilusão de que fora da universidade não há salvação. E há!
JOÃO BATISTA ARAÚJO E OLIVEIRA, 67, doutor em educação, é presidente do Instituto Alfa e Beto. Foi secretário-executivo do Ministério da Educação (1995, gestão FHC)
Publicação Folha de São Paulo
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