Desconstruir mitos em torno da doação de órgãos para pacientes de transplantes foi o objetivo da palestra “Processos de doação de Órgãos e tecidos para fins de transplantes”, ministrada pelo enfermeiro Renê Silva Pimentel, da Organização de Procura de Órgãos do Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA). A atividade complementar ocorreu durante a disciplina Educação e Saúde, ministrada pela professora Lene Safira à turma de Pedagogia 2012 do PARFOR/UFOPA, no final do mês de janeiro, em Juruti, oeste do Pará.
Para a professora que organizou a atividade, “a sensibilização da população sobre a importância da doação de órgãos é primordial para estimular as famílias a autorizarem a doação. Segundo o Ministério da Saúde, em caso de morte encefálica, somente 56% das famílias aceitam e autorizam a retirada de órgãos para doação. Precisamos mudar essa realidade”, disse Lene Safira.
Transplantes – Em Santarém, a realização de transplantes renais em intervivos está prevista para o mês de abril, no Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA). No entanto, de acordo com o diretor geral do Hospital Regional, Hebert Moreschi, a multiplicação de agentes mobilizadores para a causa é fundamental para o cadastro de potenciais pacientes de transplantes. “A cada doação, cerca de 8 pessoas podem ser beneficiadas, e a gente percebe que a principal dificuldade é o questionamento: “Nossa! Como? Vai tirar o órgão?” E a pessoa já está morta, não existe mais vida ali, tem um coração batendo, mas é em função de um equipamento. Se você desligou o equipamento, não existe mais vida”, explica Hebert Moreschi, quando é possível a doação de órgãos, nos casos de morte encefálica.
Saúde e Educação
Aliar os esforços em saúde e educação para ampliar a noção das pessoas para o que é a morte encefálica, contam Moreschi e o enfermeiro Renê Pimentel, é fundamental para o sucesso e o aumento dos casos de doação de órgãos. “Não adianta nós termos uma estrutura física, profissionais capacitados, se quando do momento da decisão de doar, nós não temos o doador, pois nós dependemos desse ato humano, desse ato de amor, de valorização da vida que é a doação”, lamentam.
A falta de esclarecimento sobre algumas questões na saúde pública ainda é um problema, comenta o diretor geral do HRBA, e no caso de transplantes, a situação se agrava. “Em torno da doação de órgãos existem mitos justamente por falta de conhecimento das pessoas; então, quando você alia educação e saúde para a formação das pessoas, para o esclarecimento e sensibilização para a causa, eu diria que é uma mistura perfeita. Hoje, nós temos uma fila de milhares de pessoas, aguardando um órgão, e isso significa ter uma possibilidade de renascimento, porque quando você recebe um transplante, você ganha essa possibilidade, e infelizmente nós vemos ainda muitas dificuldades das famílias, quando há o diagnóstico de morte encefálica, das pessoas doarem os órgãos. Mas parcerias como essa com a UFOPA são importantes, porque é por meio dos professores e dos alunos que nós conseguimos mudar uma realidade”, acredita o diretor.
Talita Baena – Comunicação/UFOPA