A universidade pública transforma a realidade ao educar e formar cidadãos e ao dispor a inteligência e o saber a serviço do país. Na sociedade de conhecimento, em que inovação e tecnologia têm especial importância, a interação entre academia e demais setores se constitui em novo espaço da missão universitária. Nele, desafios e problemas são trazidos por meio de instâncias públicas, organizações não governamentais e empresas. Para atender a essa demanda, especialistas desenvolvem projetos a partir de convênios ou contratos.
Nos últimos dias, ressurgiu a discussão sobre interação entre universidade e empresa pelo viés monetário, pagamento a professores e falta de equidade na destinação de recursos, o que causa a falsa impressão de que a universidade é de algum modo lesada. Cabe ressaltar que o maior requisito para a realização de tais projetos é o mérito acadêmico. Só são feitos porque envolvem os pilares da missão institucional: ensino, pesquisa, extensão e inovação.
Problemas complexos exigem equipes de trabalho com professores e estudantes. Especialistas reconhecidos dedicam-se ao desenvolvimento científico, partilhado com alunos que passam a integrar o processo de geração de conhecimento. Muito além das bolsas, a universidade se beneficia com investimentos em laboratórios e equipamentos, que ficam disponíveis à comunidade, bem como insumos e itens de custeio. O ganho mais expressivo, contudo, é intangível: a formação de melhores profissionais.
O Brasil possui forte legislação para regular tais interações e atuação de fundações de apoio, instituições que administram esse tipo de parceria. Para um projeto ser aprovado, é necessário passar por pelo menos quatro instâncias colegiadas da universidade. Tudo é auditado, relatórios e contas são controlados por órgãos internos e externos. Constatadas irregularidades, há mecanismos de correção e responsabilização. A discussão público versus privado está superada e é certamente inoportuna. Melhor seria se a mídia destinasse espaços mais amplos a discutir os benefícios que a pesquisa traz ao avanço do país.
Carlos Alexandre Netto – Reitor da UFRGS