O Brasil tem 268 espaços de divulgação científica mapeados, entre museus de ciência, planetários, observatórios, jardins botânicos e zoológicos. As informações sobre o que esses locais oferecem, além do endereço e telefone, estão no guia Centros e Museus de Ciência no Brasil 2015, divulgado hoje (15) pela Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciência (ABCMC), durante a 67ª reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Desse total, 58% estão concentrados na Região Sudeste, 16% nas regiões Sul e Nordeste, 6% no Centro-Oeste e 4% na região Norte. Enquanto o estado de São Paulo tem 79 museus, o Piauí e o Maranhão só têm um. Os estados do Acre, Rondônia, Roraima e Tocantins não têm nenhum museu científico.
A pesquisa Percepção Pública da C&T no Brasil 2015, divulgada no início da semana pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), revelou que a dificuldade de acesso é um dos principais problemas para visitações.
De acordo com o levantamento, 40% das pessoas informaram não visitar centros de ciência e tecnologia porque não existem na região em que vivem ou ficam muito longe. Entre os pesquisados, 7,7% disseram não saber onde ficam esses locais.
Para o presidente da ABCMC, Carlos Wagner Costa Araújo, a diferença entre as regiões reflete a desigualdade do país. Ele ressaltou a importância do acesso a esses espaços científicos interativos para despertar o interesse pelo conhecimento. “Defendemos que as novas universidades, em especial no interior do país, têm de pensar na divulgação científica. Com isso, provocamos a vontade de entrar para o mundo da ciência, da universidade”, explicou.
Segundo Araújo, há espaço para ampliação do número de centros de ciência no país, mas é preciso ter incentivo. “O maior desafio são políticas públicas para financiamento desses espaços, pois os editais não são frequentes e não têm permanência.”
Conselheiro da SBPC, Ildeu de Castro Moreira avaliou que o Brasil precisa enfrentar desafios culturais e burocráticos para ampliar o número e a qualidade dos museus nacionais. Ele informou que, nos Estados Unidos, um terço do orçamento dos museus científicos vem do governo, um terço de doações de indivíduos e da iniciativa privada e um terço da venda de ingressos e do lucro de lojas que vendem vídeos e brinquedos.
Ildeu esclareceu que, no Brasil, o Poder Público é responsável por praticamente 100% do orçamento. Ele criticou o fato de os museus nacionais não terem lojas para ajudar no financiamento. “A burocracia não os deixa ter.”
O conselheiro também defendeu maior participação da iniciativa privada no financiamento de museus de ciência. Segundo ele, é do interesse das próprias empresas, em especial as de tecnologia, apoiar iniciativas de educação cientifica, até para, no futuro, terem engenheiros capazes de melhorar a performance.
“No Brasil, algumas empresas públicas, entre elas a Petrobras, e poucas empresas privadas apoiam iniciativas de difusão da ciência. A grande maioria não faz nada. Tem uma questão cultural muito séria”, disse Ildeu Castro.
O pesquisador também destacou a necessidade de se pensar em uma legislação que favoreça o setor. “Na área da cultura, temos a Lei Rouanet, mas por ela a ciência nao é vista como cultura, o que éuma visão equivocada.”
Comparado à primeira edição do guia, em 2005, houve crescimento de 146% no número de espaços científicos no país. O coordenador do Museu da Vida da Fiocruz, Diego Vaz Bevilaqua, que participou do levantamento, atribuiu parte do crescimento à melhoria do diagnóstico, mas garante que também houve aumento do número de locais.
Maiana Diniz – Agência Brasil