Colação de grau dos alunos do bacharelado em Humanidades da Unilab, no Ceará
O aluno das “jovens” instituições federais de ensino superior inauguradas no Nordeste vem de escola pública, é pobre e o primeiro membro da família a chegar à universidade. Isso é o que aponta uma pesquisa inédita divulgada pela Fundação Joaquim Nabuco, ligada ao MEC (Ministério da Educação).
O estudo, porém, também mostrou que falta infraestrutura nas novas instituições federais. A pesquisa investigou o processo de interiorização das instituições federais de ensino superior no Nordeste e foi realizado a partir de entrevistas com 1.628 alunos e 256 professores de 14 municípios nordestinos entre 2010 e 2014.
De acordo com a pesquisa, 63,2% dos estudantes pesquisados concluíram o ensino médio na rede pública e 59,8% dos alunos fazem parte de cuja renda familiar é de até dois salários mínimos por mês. Outros 28,3% têm renda familiar entre 2 a 5 salários mínimos e 11,9%, acima de 5 salários.
Quanto ao nível de escolaridade familiar, 73% das mães e 83,1% dos pais desses alunos não tiveram acesso ao ensino superior.
“Esse estudante é a primeira geração da sua família a chegar à universidade. O significado disso só será sentido daqui alguns anos. É impacto grande, porque você quebra um ciclo de pobreza”, diz Patrícia Bandeira de Melo, coordenadora da pesquisa. “O filho desse jovem que chega à universidade não vai ter noção do que era a vida dos seus avós, que são trabalhadores rurais”.
Ainda de acordo com a pesquisa, 36,9% dos estudantes entrevistas eram brancos, 11,7% eram pretos, 47,8% se identificaram como pardos, 2,5%, como amarelos e apenas 1,1% eram indígenas.
Professores jovens
As novas universidades federais implantadas no interior do Nordeste atraíram jovens professores. Segundo o estudo, os docentes possuem doutorado e pouco tempo no serviço público, mais da metade de sente satisfeito com a carreira e 75% desenvolvem projetos de pesquisa.
“A gente duas situações: a primeira são jovens recém doutores, que ainda não têm uma carreira acadêmica consolidada e procuram universidades com menor concorrência para a seleção de professores e que, depois de alguns anos, tendem a voltar para a capital; e há os que não fazem esse movimento, gostam da cidade mais calma e se fixam no campus”, diz a responsável pela pesquisa.
O MEC diz que está atento e que adota medidas para tentar reduzir a rotatividade de professores nas universidades federais do interior. “O professor tem que estar motivado, além das aulas, tem que ter recursos das agências de fomento, Capes e CNPq, para que possa pesquisar naquela região. E nós percebemos que essas ações já têm permitido maior fixação de doutores. A migração já é menor do que era no início”, disse o secretário executivo do MEC (Ministério da Educação), Luiz Cláudio Costa.
Ele também afirmou que o aumento dos cursos de pós-graduação aumenta a possibilidade que os estudantes da região façam doutorado em universidades próximas e permaneça no local.
Marcelle Souza – Uol