O Professor da Unifei, Geraldo Lucio Tiago Filho, afirma que o Brasil pode desenvolver a tecnologia da energia hidrocinética antes de outros países.
A força da correnteza dos rios da região Norte é a nova aposta para a geração de energia elétrica no Brasil.
Dois projetos em Rondônia e no Pará investem na chamada energia hidrocinética, sistema que usa só a correnteza dos rios, sem necessidade de se construir barragens. Um deles tem verba do governo britânico – cerca de R$ 1 milhão – em parceria com a Eletronorte e a Unifei (Universidade Federal de Itajubá).
Por meio desse processo, a água passa por uma turbina parcialmente submersa no rio, gerando uma energia adicional, que é enviada para a rede ou redirecionada para povoados não atendidos pelo sistema.
A Folha acompanhou pesquisadores da Unifei que percorreram em oito dias, 5 Km do rio Jamari a partir da água da jusante- lado oposto ao da nascente- para mapear a velocidade da correnteza, a profundidade do local e a possibilidade de geração de energia suplementar.
O potencial desse sistema ainda é incerto. Em Rondônia houve ganhos, segundo o pesquisador Julio César Silva de Souza, que também faz os estudos na região da hidrelétrica de Curuá-Una (Pará). Segundo ele, há indícios de que, se adotado em larga escala, poderia elevar a geração do país em até 30%.
Outro projeto, próximo a Tucuruí (Pará), deve entrar em operação até o final do próximo ano, de acordo com a Eletronorte. Será o primeiro parque hidrelétrico hidrocinético fluvial do Brasil, sob responsabilidade da empresa e da Itaipu Binacional. A turbina de Tucuruí tem dez metros de diâmetro e previsão de custo de R$ 10 milhões. Se existisse hoje, poderia abastecer uma comunidade de 3 mil pessoas sem energia numa área a 16 Km de Samuel, segundo Marcial José Perez Viana, gerente executivo da hidrelétrica.
A geração em Samuel e Curuá-Una surgiu em novembro de 2014, quando a Unifei se inscreveu numa chamada pública do Reino Unido.
A perspectiva é de começar a gerar em 2017- antes, no verão, devem ser repetidos os estudos para avaliar o potencial do rio em época de cheia.
Há outros cinco projetos em andamento no país bancados pelo governo britânico, em parceria com órgãos como a Aneel e Eletrobras. Para Geraldo Lucio Tiago Filho, integrante do projeto, professor titular da Unifei e secretário executivo do Centro Nacional de Referências em Pequenas Centrais Hidrelétricas, o país tem a oportunidade de desenvolver essa tecnologia antes dos outros. “Vamos ter algo nacional, sem importar nada. Fontes renováveis é o que mais temos no Norte do país”.
Assessoria de Comunicação da Universidade Federal de Itajubá