Mercadante afirmou que está nas mãos do Congresso os rumos da educação no próximo ano. “Houve uma queda muito grande da receita, precisa compensar isso para manter esse esforço. Fiz uma audiência esta semana para destacar para os parlamentares que vão votar o orçamento. A queda do preço do petróleo não permitiu a expectativa que nós tínhamos [com repasse de 50% do Fundo Social do Pré-Sal para a educação], e o Brasil precisa de mais receita para a educação”, disse o ministro.
Na quarta-feira (11), Mercadante participou de uma audiência pública na Câmara dos Deputados, onde falou sobre a necessidade de novas fontes de recursos para a educação e o impacto da redução do Orçamento na execução do Plano Nacional de Educação (PNE).
Ele lembrou que Dilma tentou incrementar os investimentos ao destinar metade do fundo social do pré-sal para a área, mas disse que a medida não foi suficiente. “A queda do preço do petróleo não permitiu a expectativa que nós tínhamos.”
Para Mercadante, os dados da Pnad mostram que houve avanços em toda a educação básica, mas ele reconheceu que é preciso um esforço concentrado para abertura de vagas em pré-escolas e creches. O ministro também ressaltou a necessidade de tornar o ensino médio mais atraente para os jovens.
“Estamos discutindo exatamente a base curricular [do ensino médio] para ver como a gente melhora. Uma das questões é associar o ensino médio ao ensino técnico. Temos que manter a estrutura acadêmica, o ensino regular, mas precisa abrir uma janela para o ensino técnico profissional.”
Ao ser questionado sobre o programa de reorganização da rede pública estadual do governo Geraldo Alckmin (PSDB), que tem gerado protestos de estudantes e professores, o ministro respondeu que ele pode gerar benefícios pedagógicos.
“O MEC [Ministério da Educação] deve ter muita delicadeza ao tratar de problemas das redes, pois trabalhamos em parceria com os governos de Estado e prefeituras. Pedagogicamente há uma discussão sobre essa questão, e nem todo mundo tem a mesma visão. Em educação, nem todo mundo tem a mesma visão, é igual técnico da seleção brasileira”, disse.
“Há uma reflexão que diz que nem sempre é recomendável colocar na mesma escola crianças de faixas etárias diferenciadas. Uma determinada faixa etária num determinado ambiente pedagógico seria recomendável”, disse o ministro. Segundo ele, o problema é que nas grandes cidades isso pode se transformar em um transtorno para as famílias por causa da mobilidade, já que muitas terão filhos em escolas diferentes.
“Acho que deve ter diálogo com os pais para evitar esse tipo de dificuldade. Mas isso são eles [governo Alckmin] que estão fazendo, e o MEC tem sempre muito cuidado, porque a última coisa que nós precisamos no Brasil é partidarizar a educação. Ajudarei no que for preciso a secretaria de São Paulo para melhorar a educação.”
Tania Campelo – Folha de São Paulo