Analfabetos funcionais são 27% da população, de acordo com levantamento
RIO – Uma pesquisa revela que apenas 8% dos brasileiros entre 15 e 64 anos são capazes de se expressar e de compreender plenamente. Ou seja, só essa pequena parcela domina de fato o português e a matemática. Segundo o estudo “Analfabetismo no Mundo do Trabalho”, uma parceria do Instituto Paulo Montenegro (IPM) e a ONG Ação Educativa, a população tem 27% de analfabetos funcionais nessa faixa etária.
A pesquisa, que busca aprimorar os dados do Índice Nacional de Analfabetismo (Inaf), separa a população em 5 grupos: Analfabeto, Rudimentar, Elementar, Intermediário e Proficiente. Apenas 8% chegam a este último. Alguém “proficiente” é capaz de entender e elaborar textos de diferentes tipos, como mensagens (um e-mail), descrições (um verbete da Wikipédia) ou argumentação (como os editoriais de jornal ou artigos de opinião), além de ser capaz de opinar sobre o posicionamento ou estilo do autor do texto. É também apto a interpretar tabelas e gráficos.
Idealmente, os estudantes que completam o ensino médio (tendo um total de 12 anos de escolaridade) deveriam ser chegar a este nível. Apenas 9% dos concluintes conseguem.
Os problemas em relação a isso afetam a economia do país, como destaca Ana Lúcia Lima, diretora executiva do IPM:
“O Brasil não tem sido capaz de garantir oportunidades de acesso a uma educação de qualidade a todas as crianças e jovens e, em consequência, depara-se com limitações significativas na formação da população acima de 25 anos, principal força produtiva no País. Mesmo no caso da geração mais nova, entre de 15 a 24 anos, que tem mais escolaridade, é preciso avançar nos níveis de aprendizagem para fortalecer o desenvolvimento social e a produtividade e capacidade de inovação de nossa economia”.
O estudo mostra também que o maior grupo entre os brasileiros é o “Elementar”, com 42%. São parte da faixa mais baixa dos alfabetizados funcionalmente. Eles são capazes de interpretar textos e números em certas condições, não muito grandes, e envolvendo especialmente a sua realidade doméstica e social. Não são analfabetos funcionais (operam em sociedade pelo português e pela matemática), mas também não estão num nível capaz de se comunicar escrevendo.
No conjunto, foram entrevistadas 2002 pessoas entre 15 e 64 anos de idade, residentes em zonas urbanas e rurais de todas as regiões do país.
O Globo