Diante do baixo desempenho de alunos do 3º ano do ensino fundamental em português e matemática, o Ministério da Educação anunciou nesta terça-feira (22) mudanças em três dos principais programas da pasta, que passam a priorizar escolas onde há maior quantidade de alunos com alfabetização incompleta.
Segundo dados da Prova Brasil, 26 mil escolas concentram 70% dos alunos com alfabetização considerada insuficiente até o 5o ano. As instituições devem fazer parte de uma nova estratégia do governo para tentar melhorar os índices de aprendizado.
A ideia é integrar três programas distintos: o Pacto Nacional de Alfabetização na Idade Certa, que prevê que todas as crianças estejam alfabetizadas até o 3º ano do ensino fundamental, o Pibid, programa de bolsas para a formação de professores, e o Mais Educação, iniciativa que visa levar educação em tempo integral aos alunos.
Na prática, alunos do Mais Educação devem ter 6 horas semanais dedicadas ao acompanhamento pedagógico, em uma espécie de reforço escolar.
O atendimento será voltado para os alunos do 4º ano ao 9º ano, e que apresentam baixos índices de desempenho nas disciplinas. “Vamos fazer reforço para essa faixa”, diz o ministro da Educação, Aloizio Mercadante.
Outras medidas previstas são a ampliação da oferta de cursos de formação continuada de coordenadores e professores desta etapa de ensino.
As mudanças devem dividir o Mais Educação, programa de ensino integral, em dois grupos: um para as 26 mil escolas consideradas prioritárias e outro para as demais escolas interessadas.
Bolsistas do Pibid, programa de formação de professores, também devem ser deslocados para escolas com maior percentual de alunos com baixa alfabetização.
“Identificamos algumas distorções no programa. Algumas faculdades concentravam os bolsistas todos na mesma escola. Eles não estavam onde [os alunos] mais precisam”, afirma Mercadante.
Segundo o ministro, de 26 mil escolas com maior número de alunos com baixo desempenho na Prova Brasil, só 1.600 têm bolsistas do Pibid.
Mercadante diz ainda que o bom desempenho no Ideb (índice que mede a qualidade da educação básica) das escolas onde atuam os bolsistas pode ser considerada como ponto positivo avaliação das faculdades de pedagogia.
“Queremos que haja uma pactuação das faculdades de pedagogia com escolas públicas. A faculdade vai adotar um conjunto de escolas para formar seus estudantes, e se essa escola melhora no Ideb, ela ganha pontos no MEC para avaliação do curso”.
DIRETORES
A pasta também anunciou um novo programa de formação de diretores para atuarem nas escolas públicas do país. A previsão é que sejam ofertadas 30 mil vagas por ano em cursos de formação vinculados a universidades e institutos federais.
Um primeiro edital, voltado para o cadastramento das instituições, deve ser lançado no dia 4 de abril. O programa deve ser iniciado em julho de 2016.
NATÁLIA CANCIAN – Folha de São Paulo