O ministério da Educação vai abrir, em janeiro do ano que vem, uma consulta pública para implementar mudanças no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Em entrevista coletiva realizada na noite deste domingo (4), o ministro da Educação, Mendonça Filho, afirmou que o objetivo é “que todos que queiram colaborar para o aprimoramento do Enem possam fazê-lo”.
Mendonça Filho afirmou que não existe um modelo pronto sobre as questões a serem abertas na consulta pública, e que até o fim do ano o Inep deve elaborar a abordagem a ser feita.
“Nós não temos ainda um quadro de perguntas que podem ser feitas e que podem nortear o caminho a ser discutido. A gente quer usar o mês de dezembro para elaborar o termo de referência. A temática não pode ser tão abrangente que termine difícil de você coletar o melhor tipo de opinião daqueles que participam do Enem”, disse Mendonça Filho.
“Teremos espaço para especialistas, professores educadores. Ao mesmo tempo, abrindo para a opinião de estudantes, professores e educadores que queiram colaborar nessa questão. Essa consulta vai ser definida até o fim do mês de dezembro para em janeiro a gente publicar e ouvir a comunidade como um todo”, explicou o ministro.
Após a coletiva, questionado sobre o tipo de colaboração que o MEC espera receber, Mendonça disse que não está aguardando por um ponto “especificamente”, mas citou o tempo de duração das provas como uma possibilidade.
“Não sei, quem sabe em vez de dois dias de provas, possamos fazer em apenas um. É uma possibilidade. Vamos conversar”, expôs.
Ele disse ainda que o MEC está satisfeito com o que ele considera um “bom desempenho” desta edição do exame.
“Qualquer exame comporta aprimoramentos, mas tem que ter base técnica, suporte daqueles que estudam esse tipo de avaliação, de exame, e por parte daqueles que são a clientela em potencial, os estudantes. A gente precisa ter a noção de que não há um Enem perfeito, ele comporta aprimoramentos, e nós queremos que qualquer passo que seja dado considere a necessidade de uma discussão bem ampla, bem aberta, que a sociedade participe”, disse o ministro.
Ele afirmou ainda que a consulta pública não é garantia de que o Enem seja alterado no ano que vem.
“Não há uma ideia fechada, não há uma decisão tomada, há espaço para discussão. A gente pode chegar à conclusão de que nada muda, que vamos repetir o modelo de 2016. Se tivermos convicção que este é o melhor caminho, não teremos dificuldade de afirmamos que será o caminho. Mas, se houver a incorporação de propostas que signifiquem aprimoramentos com segurança, a gente vai avançar”, contou Mendonça.
Entenda como é o Enem atual
Duração: Desde 2009, o Enem é realizado em dois dias (em um fim de semana). No primeiro dia, a prova tem quatro horas e meia de duração. No segundo, são cinco horas e meia, totalizando dez horas.
Formato: O Enem tem cinco provas diferentes que abordam conteúdos dos três anos do ensino médio. Quatro delas são objetivas, ou seja, têm questões de múltipla escolha. São as provas de ciências humanas e ciências da natureza (aplicadas sempre no primeiro dia do Enem) e de linguagens e matemática (aplicadas no segundo dia). Cada uma delas tem 45 questões, totalizando 180 questões objetivas.
Na prova de ciências humanas são abordados temas das disciplinas de história, geografia, filosofia e sociologia. Em ciências da natureza aparecem questões sobre biologia, química e física. A prova de linguagens tem matérias de língua portuguesa, língua estrangeira (ou inglês, ou espanhol), artes e educação física. Na prova de matemática, o Enem pede 45 questões sobre conteúdos da matéria.
A quinta prova é a redação dissertativa-argumentativa, onde os candidatos são avaliados de acordo com cinco competências diferentes, e podem ter nota entre zero e mil.
Metodologia: As questões objetivas do Enem são elaboradas e corrigidas por meio da Teoria de Resposta ao Item (TRI). Por meio dessa metodologia, mesmo que o aluno acerte todas as 45 questões de cada prova, sua nota nunca será 1.000. Da mesma forma, um candidato que erre todas as questões não acaba com a nota zero (ou, no caso do Enem, a pontuação mínima, que é 200 pontos). Isso acontece porque a nota não retrata o desempenho individual do candidato, mas a posição que ele ocupou na escala de proficiência onde todos os milhões de outros candidatos também são incluídos.
Frequência: O Enem acontece uma vez por ano, sempre no fim do segundo semestre, justamente para poder cobrar dos estudantes todo o conteúdo ensinado na totalidade dos três anos do ensino médio.
Usos: O principal uso do Enem é o acesso à universidade, principalmente por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), do Programa Universidade para Todos (Prouni) e do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Porém, atualmente o Enem também tem outras utilidades, como, por exemplo, a certificação de conclusão do ensino médio. No caso do Fies e da certificação, o processo não é seletivo, ou seja, o requisito é que o estudante atinja uma nota mínima em cada uma das cinco provas.
G1