Os participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2016 podem consultar on-line os resultados individuais. Também está aberta na internet a consulta pública que dará aos cidadãos brasileiros a oportunidade de opinar sobre o exame.
Os resultados gerais do Enem de 2016 foram apresentados pelo ministro da Educação, Mendonça Filho; pela secretária executiva do Ministério da Educação, Maria Helena Guimarães Castro, e pela presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão vinculado ao MEC responsável pelo exame, Maria Inês Fini, em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira, 18, no MEC.
“Este foi um Enem bastante difícil de ser finalizado e entregue”, afirmou Mendonça Filho. “Talvez a gente tenha vivido o momento mais difícil ao longo da história de realização do Enem”. O ministro, no entanto, avalia que o exame foi concluído com êxito. “Apesar dos percalços, das dificuldades e das adversidades, eu celebro o sucesso do Enem 2016. O interesse público e o interesse do MEC no governo Temer era fazer com que o exame pudesse ser garantido para aqueles estudantes e as pessoas que desejavam se submeter ao Enem e conseguimos isso”.
A presidente do Inep mostrou preocupação quanto aos resultados do exame. Dados apresentados por ela apontam para um dos piores desempenhos dos alunos na história do Enem. “O desempenho em todas as áreas está absolutamente estagnado. Os números se mantêm equivalentes desde o ano de 2008 até 2016”, lamentou Maria Inês Fini.
Para os menores de 18 anos que participam do Enem para fins exclusivos de autoavaliação, os resultados serão publicados em 60 dias, conforme previsto em edital. As provas objetivas foram corrigidas com base na teoria de resposta ao item (TRI).
Mudanças — O ministro anunciou mudanças para as próximas edições do Enem. A partir deste ano, o exame passará a ser exclusivo para acesso às universidades. Os alunos maiores de 18 anos que desejam apenas o certificado de conclusão do ensino médio passarão a ser avaliados pelo Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), que atualmente se volta somente a estudantes do ensino fundamental em idade irregular.
“Aplicar o Enem como instrumento de certificação é desnecessário e acaba exigindo de um jovem ou de um adulto muito mais do que seria necessário”, destacou Mendonça Filho. ”Não faz sentido aplicar uma avaliação tão abrangente para dois objetivos distintos. Do ponto de vista de conhecimento, isso impõe um ônus a mais a para quem não pensa no ensino superior”. Dos 8,6 milhões de inscritos no último Enem, cerca de 1,2 milhão queria apenas o certificado de conclusão do ensino médio e somente 70 mil deles atingiram a nota mínima.
Consulta — A partir desta quarta-feira, 18, até 10 de fevereiro, os brasileiros podem participar da Consulta Pública sobre o Enem. Três perguntas objetivas abordam alternativas de mudanças dos dias de aplicação de provas e possibilidade de aplicação por computador. Uma pergunta discursiva permitirá ao cidadão dar sugestões para o aprimoramento do exame. As sugestões devem ser apresentadas na página da consulta, disponível no portal do Inep, com a informação do CPF.
O ministro Mendonça Filho avalia o processo como algo positivo. “É algo muito bem vindo, porque a opinião das pessoas é que fará com que a gente possa aprimorar um processo de avaliação geral e um exame que é hoje um patrimônio do Brasil”.
Resultados — Considerada a média total, os participantes obtiveram as maiores médias em ciências humanas e suas tecnologias (533,5), em linguagens e códigos e suas tecnologias (520,5), matemática e suas tecnologias (489,5) e ciências da natureza e suas tecnologias (477,1).
A média dos concluintes — participantes que terminaram o ensino médio em 2016 —, foi ligeiramente superior, mas manteve a ordem de dificuldade. A maior média também foi obtida em ciências humanas e suas tecnologias (536), linguagens e códigos e suas tecnologias (523,1), matemática e suas tecnologias (493,9) e ciências da natureza e suas tecnologias (482,3).
A maior nota do Enem de 2016 foi registrada em matemática e suas tecnologias (991,5); a mais baixa, em linguagens e códigos e suas tecnologias (287,5).
Área — Em ciências humanas e suas tecnologias, a maioria dos participantes (2.867.265) alcançou notas entre 500 e 600 pontos. Apenas 600 tiveram notas entre 800 e 900. Tiraram nota zero 1.804 estudantes. A média nacional foi de 536.
Em ciências da natureza e suas tecnologias, a maioria dos participantes (3.234.551) alcançou notas entre 400 e 500 pontos. Apenas 632 obtiveram notas entre 800 e 900 e 3.109 tiraram zero. A média nacional foi de 482,3.
Em linguagens e códigos e suas tecnologias, a maioria (2.898.637) teve notas entre 500 e 600 pontos. Apenas um participante ficou entre 800 e 900 e 3.862 tiveram zero. A média nacional foi de 523,1.
Em matemática e suas tecnologias, a maioria (2.430.115) alcançou notas entre 400 e 500 pontos. Apenas 3.747 ficaram entre 800 e 900 e 5.734 tiveram zero. A média nacional foi de 493,9.
Redação — Na prova de redação, a maioria dos participantes (1.987.251) conseguiu notas entre 501 e 600. Apenas 77 conseguiram nota mil. A nota zero ou a anulação da prova foi para 291.806 estudantes.
Das anuladas, a maioria (206.127) resultou de não comparecimento ao segundo dia ou apresentação da redação em branco. Das redações que tiraram zero, os principais motivos foram fuga ao tema (46.874), parte desconectada (13.276), cópia de texto motivador (8.325), texto insuficiente (7.348) e não atendimento ao tipo textual (3.615). Por ferirem os direitos humanos, foram anuladas 4.798.
Certificação — Apenas 79.814 (7,7%) dos 1.033.761 que pediram certificação do ensino médio por meio do Enem atingiram a nota mínima em todas as áreas, de 450 nas provas objetivas e 500 na redação. No caso do Enem para pessoas privadas de liberdade, 3.620 (6,7%) dos 42.331 que solicitaram a certificação vão obter o diploma.
Ausências — Dos 8.630.306 inscritos, 2.518.976 (29,19%) ausentaram-se no primeiro dia de provas e 2.667.899 (30,91%), no segundo dia. Considerados os dois dias, foram 2.494.294 (28,90%) faltantes. Além disso, 3.942 (0,05%) foram eliminados no primeiro dia e 4.780 (0,06%), no segundo. Em função das ocupações em escolas e universidades, 265.412 (3,08%) inscritos tiveram a aplicação postergada.
A maioria das eliminações no Enem 2016 ocorreu em função de:
44,35% por não marcar o tipo de prova e não escrever a frase ou marcar mais de um tipo de prova e não escrever a frase.
19,77% por portar lápis, caneta de material não transparente, lapiseira, borrachas, livros, manuais, impressos e anotações.
9,10% por ausentar-se da sala de provas sem o acompanhamento de um aplicador, ou ausentar-se em definitivo antes de decorridas duas horas.
7,41% por portar, após ingressar na sala de provas, qualquer tipo de equipamento eletrônico ou de comunicação.
No exame para os privados de liberdade, dos 54.317 inscritos, 15.7436 (28,98%) faltaram ao primeiro dia de provas e 18.021 (33,18%) faltaram ao segundo dia. Além disso, 38 pessoas (0,07%) foram eliminadas no primeiro dia e 37 (0,07%), no segundo.
TRI — Na teoria de resposta ao item, o número de acertos corresponde à média final. A TRI qualifica o item de acordo com o:
Poder de discriminação: capacidade de um item distinguir os participantes que têm a proficiência requisitada daqueles quem não a têm.
Grau de dificuldade.
Possibilidade de acerto ao acaso, ou seja, de “chute”.
O número de questões por nível de dificuldade em cada prova e as demais características dessas questões refletem-se no resultado. Acertar um número maior de itens em uma área não significa, necessariamente, ter uma proficiência maior do que em outra cujo número de acertos foi inferior.
Como a TRI pressupõe que um candidato com certo nível de proficiência tende a acertar os itens de nível de dificuldade menor e errar aqueles com nível de dificuldade maior, o padrão de respostas do participante é levado em consideração no cálculo do desempenho. Como a TRI não tem um limite, inferior ou superior, padrão entre as áreas de conhecimento, as notas dos participantes não variam entre zero e mil. Elas podem ultrapassar os mil pontos.
Na página do participante do Enem, os candidatos têm acesso aos resultados do exame 2016. É necessário informar o CPF e a senha cadastrada no ato da inscrição.
Fonte: MEC, com informações do Inep