O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) deste ano será aplicado em dois domingos, 5 e 12 de novembro, e terá a prova de redação já no primeiro dia do exame.
As medidas fazem parte de um conjunto de mudanças no Enem, anunciadas nesta quinta-feira (9) pelo Ministério da Educação.
Agora, a ordem das provas será alterada. Neste ano, participantes devem iniciar o exame com as provas de redação, linguagens e ciências humanas, cuja duração será de 5h e 30 min. Em seguida, após uma semana, será a vez de matemática e ciências da natureza, com 4h e 30 minutos.
As mudanças atendem ao resultado de uma consulta pública elaborada pela pasta neste ano, e que teve cerca de 600 mil contribuições.
Inicialmente, o MEC estudava aplicar todas as provas do Enem em apenas um dia, por meio de computador. Resultado da consulta pública, no entanto, apontou maioria favorável a manter a aplicação das provas em papel, apenas com mudança no intervalo das provas.
Para o ministro da Educação, Mendonça Filho, a maioria contrária ao uso do computador foi “uma surpresa”. “Isso contradiz um pouco a própria experiência do jovem. O que posso interpretar dessa resposta é que de um lado há sempre o receio pela segurança, de que o uso computador poderia facilitar fraudes e uso indevido, além do medo em relação ao novo”, afirma ele, que não descarta a mudança para um sistema digital para outras edições.
Segundo o ministro, a adoção do exame em dois domingos atenderá aos jovens “que se sentem muito cansados [pela sequência de provas]”. A aplicação da prova em dois domingos deve beneficiar também os sabatistas, que, por guardarem os sábados, até então precisavam esperar até cinco horas dentro do local de provas para iniciar o exame às 19h. “Era uma situação subumana”, disse.
PROVA PERSONALIZADA
Além das datas, o exame ainda terá outras alterações. Entre elas, está a distribuição de uma prova personalizada, que terá o nome e número de inscrição de cada participante impresso no papel.
Com isso, não será mais preciso, por exemplo, escrever a cor de cada caderno de questão para preencher o gabarito das provas.
Segundo a presidente do Inep, Maria Inês Fini, a medida deverá aumentar a segurança do exame. No ano passado, o Enem teve suspeitas de vazamento para ao menos dois candidatos em Estados diferentes, segundo relatório da Polícia Federal. “Isso aumenta a segurança, porque se vazar a sua prova, ou se ela for fotografada, saberemos que foi a sua que vazou”, afirma Fini.
Para o ministro, é “quase impossível ter 100% de segurança” no exame, que envolve 8,5 milhões de estudantes. “Mas a nossa busca é vedar qualquer chance de fraude. Essa novidade vai nessa direção”, afirma.
INSCRIÇÕES
As inscrições para o Enem 2017 iniciam em 8 a 19 de maio.
Nesta etapa, também haverá alterações no processo. As medidas valem para as pessoas que buscam a isenção da taxa de inscrição ou tempo adicional de provas. Antes, a gratuidade, válida para pessoas de baixa renda, por exemplo, era solicitada apenas por meio de autodeclaração. Agora, será exigido na inscrição o número de cadastro no CadÚnico, do Ministério de Desenvolvimento Social.
Segundo Mendonça Filho, o objetivo é evitar fraudes e uso indevido da gratuidade por pessoas que têm renda. Para concluintes do ensino médio, que também têm direito à gratuidade, nada muda.
Já o tempo de uma hora extra, antes solicitado nos dias de aplicação da prova, deverá agora constar já da inscrição, junto com documento que comprove o motivo da solicitação do tempo adicional, caso de algumas doenças.
CERTIFICAÇÃO
Em outra mudança, o Enem também deixará de ser usado como forma de certificação do nível do ensino para pessoas que deixaram de concluir os estudos no modelo regular.
Para isso, o MEC deve voltar a aplicar o Encceja (Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos), tanto para quem deseja obter a certificação do ensino médio quanto da etapa anterior, o ensino fundamental.
Além do fim da certificação, o Enem também deixará de ter, a cada ano, os resultados da nota do exame divulgados por escola, medida que acabava sendo utilizada como forma de comparação da qualidade do ensino médio.
Segundo o ministério, a medida atende a críticas de especialistas, para quem o exame não era o indicador adequado para avaliar as escolas. No lugar, o MEC planeja ampliar o Ideb (índice de desenvolvimento da educação básica) para todas as escolas do ensino médio.
“O ranking por escola era usado como propaganda pelas escolas, o que produzia desserviço e desinformação. Não podemos transformar o Enem em uma propaganda falsa”, afirmou o ministro.
Fonte: Folha de São Paulo