No último dia 9 de março, no Centro de Eventos Benedito Nunes (CEBN), no Campus de Belém, a UFPA iniciou oficialmente as comemorações de seus 60 anos. Em cerimônia especial, regada a homenagens e nostalgia, a comunidade acadêmica pôde lembrar pessoas e momentos que marcaram e estão gravados na história da Universidade.
Transmitido ao vivo pelo Portal da UFPA e apresentado pelos jornalistas Syanne Neno e João Jadson, ambos formados na Instituição, o evento, que foi organizado pela Editora da UFPA e pelo Laboratório de Pesquisa e Experimentação em Multimídia, da Assessoria de Educação a Distância da UFPA, contou a história da UFPA, desde sua criação, em 2 de julho de 1957, até os dias atuais. A cerimônia foi aberta ao público e todos que compareceram foram recepcionados ao som de Waldemar Henrique e Wilson Fonseca, além de composições dos ex-professores da UFPA Altino Pimenta, Luiza Camargo, recentemente falecida, e Luís “Pardal” (Pereira de Moraes Filho), de José Maria Bezerra, professor da Licenciatura Plena em Música, e de Adelbert Carneiro, professor da Escola de Música da UFPA.
Um dos momentos de emoção aconteceu com a apresentação do número musical com flautas doces por alunos do quarto e quinto anos da Escola de Aplicação da UFPA, que recebem aulas de Arte e Música, regidos pelo professor Jefferson Luz, com acompanhamento do músico Jader Fernandes.
Ex-alunos da antiga Escola Primária e do Ginásio da UFPA prestigiaram o evento e foram destacados na plateia: Silvana Franco, educadora física, Eliana Alves Braga, médica, que veio de São Paulo exclusivamente para a cerimônia, João Paulo Mendes Filho, também médico e professor do ICS, e o engenheiro civil Paulo Henrique Lobo.
O professor Benedito Nunes, que coordenou o projeto de publicação da coleção Diálogos de Platão, desde o seu início, em 1973, foi um dos homenageados. Outro homenageado na cerimônia foi o professor aposentado da UFPA Alcyr Meira.
Graduado em Engenharia Civil e em Arquitetura, Alcyr teve longa e profícua atuação como docente e é autor do projeto do então Conjunto Universitário Pioneiro, o Campus de Belém, inaugurado em 13 de agosto de 1968. Também é de sua autoria o Brasão da UFPA. “A Universidade foi, pra mim, um prolongamento do meu lar. Aqui, eu iniciei na vida profissional como professor e graças a Deus, graças à UFPA, eu tive a oportunidade de desenvolver um trabalho voltado para o planejamento de universidades e pude ampliar os limites do meu Estado, fazendo trabalhos em todo o Brasil e até mesmo no exterior. Participar de uma cerimônia como esta, cheia de tantas emoções, isso mexe muito com a nossa imaginação e com o nosso reconhecimento e agradecimento a Deus por ter tido a honra e o privilégio de participar desse movimento que resultou nesta fabulosa Universidade”, disse o professor.
Outro importante feito destacado pelos apresentadores do evento aconteceu em 1973, o começo da pós-graduação stricto sensu da Universidade, com a criação do Curso de Mestrado e Doutorado em Geofísica. Sonia Dias Cavalcanti Guerreiro, João Batista Correa da Silva e Jorge Wilson Delgado Leão foram os primeiros mestres formados pela UFPA e estiverem no evento para receber a justa homenagem.
A emoção foi mais forte quando o percurso histórico da Instituição chegou ao período da ditadura militar. Foi feito um minuto de silêncio por todas as vítimas do regime, especialmente para Cezar Morais Leite, morto em 1980, no Pavilhão F do Setor Básico do Campus de Belém, por uma bala disparada da arma de um policial federal.
Entidades das categorias da UFPA – Foi lembrado também que o Diretório Central dos Estudantes, previsto já no primeiro Estatuto da UFPA de 1957, se consolidou como instância representativa dos alunos em 1981, quando a sua direção foi escolhida, pela primeira vez, por meio de eleição direta. Edilza Joana Oliveira Fontes, a primeira presidente eleita, hoje professora da Instituição, presente ao evento, foi focalizada na plateia e recebeu homenagem.
Os servidores da UFPA também se organizaram e desde então participam ativamente dos processos políticos na Instituição. Em 1971, foi criada a Associação dos Servidores da UFPA (ASUFPA), hoje SINDITIFES. Em 18 de maio de 1979, foi criada a Associação dos Docentes da UFPA (ADUFPA).
O avanço no respeito à diversidade, no combate à desigualdade e na promoção da inclusão social foi um dos destaques, que contou com representantes de estudantes quilombolas, indígenas, estrangeiros, LGBTs e pessoas com deficiência. Um posto de atendimento especial às pessoas com deficiência, organizado pela Coordenadoria de Acessibilidade da Superintendência de Assistência Estudantil da UFPA, foi montado no Centro de Eventos. Uma intérprete de libras traduziu simultaneamente todo o evento para surdos que estavam no auditório ou acompanharam pela internet; além disso, foi realizada a audiodescrição da cerimônia para convidados cegos. A convite da organização do evento, a Associação de Amigos da UFPA ocupou espaço localizado na entrada do hall do CEBN, com o objetivo de angariar novas adesões.
Marca – Ao fim da celebração, aconteceu a apresentação da marca comemorativa dos 60 anos, por meio da exibição de um vídeo com o making off da produção do símbolo, que recebeu trilha sonora original, “UFPA 60 ANOS”, composta por Carlos Augusto Vasconcelos Pires, professor e vice-diretor da Escola de Música da UFPA. De acordo com a publicitária Káyra Matos Badarane, criadora da marca, o conceito está associado à valorização de nossas raízes amazônicas, destacando características regionais sem ser regionalista ou caricata. “A marca foi inspirada nas formas curvilíneas e arredondadas dos utensílios indígenas, como arco, cocar e cerâmica, bem como na sinuosidade dos rios que serpenteiam a floresta amazônica. As cores laranja e marrom têm influência do urucum – utilizado no preparo de tintas para pinturas corporais indígenas – e dos tons barrentos característicos de nossos rios, respectivamente. A disposição ascendente dos números expressa movimento e remete à ideia de evolução, apontando para o futuro.” A partir da próxima semana, a marca estará disponível para download no Portal da UFPA, junto com o seu Manual de Aplicação.
Em seu pronunciamento, o reitor da UFPA, Emmanuel Zagury Tourinho, enalteceu o trabalho de todas e todos os que construíram e constroem a história da Universidade e destacou as conquistas dos últimos sessenta anos. Também enfatizou que a diversidade da comunidade da UFPA – social, étnica, de gênero, intelectual, de orientação sexual, entre outros, é a sua maior qualidade e mais importante elemento para o seu desenvolvimento. “Somos todas as experiências sociais e intelectuais possíveis, abertas ao debate, à crítica e, sobretudo, a um projeto humanista coletivo. Somos, na nossa diversidade, a essência da Academia; é dessa matéria-prima que virá o futuro de sucessos a que todos aspiramos”, concluiu o reitor.
O vice-reitor, Gilmar Silva, professor da UFPA desde 1993, conta que acompanhou durante esse tempo muitas transformações com a expansão da Universidade para o interior do Estado. “Saí de uma universidade que era meramente da capital e, hoje, possui 11 campi no interior. Isso é uma conquista extraordinária e, ao mesmo tempo, uma responsabilidade muito grande que nós temos para com o desenvolvimento do Estado, do País, a partir desse universo formado por estudantes, técnicos e professores, cada um com as suas atribuições, que somam numa perspectiva coletiva de desafios cotidianamente.” Gilmar considerou o evento “fascinante” e destacou a relevância do discurso do reitor, que representa o avanço na luta contra a desigualdade e a discriminação dentro da Universidade.
Terminado o discurso e abertas as comemorações dos 60 anos da Universidade, a banda da Associação Atlética Acadêmica de Engenharia da UFPA, Mustang, do Instituto de Tecnologia da UFPA, conduziu os presentes em cortejo até o foyer do Centro de Eventos e comandou os parabéns à UFPA.
Maria Ataide Malcher, coordenadora do Laboratório de Pesquisa e Experimentação em Multimídia, da AEDI, disse ter ficado satisfeita com o resultado do evento: “este foi o espírito de todos os que trabalharam na organização: nos reunimos para preparar uma grande festa surpresa para a UFPA.”
A programação incluiu, ainda, o lançamento do Calendário Institucional 2017, também alusivo aos sessenta anos da UFPA. Todos que compareceram à cerimônia foram presenteados com o Calendário. A partir do dia 14 (terça-feira), será instalado um ponto de distribuição do calendário para os técnicos e docentes da UFPA, no hall da Reitoria.
O evento contou com a presença dos pró-reitores e dos dirigentes de unidades acadêmicas e suplementares da UFPA, técnicos, docentes e alunos. Também prestigiaram o evento os ex-reitores Alex Bolonha Fiúza de Melo e Carlos Edilson de Almeida Maneschy; o reitor da Unifesspa, Maurílio Monteiro; o vice-cônsul de Portugal em Belém, Francisco Neto Brandão; o vice-reitor do Cesupa, Sérgio Mendes; o diretor do Museu Goeldi, Nilson Gabbas; a diretora de Cultura da Secult, Ana Catarina Brito; e o presidente do Conselho de Cultura do Pará, João Carlos Pereira.
Trajetória da UFPA – Criada em 2 de julho de 1957 e instalada solenemente no dia 31 de janeiro de 1959, em cerimônia especial no Theatro da Paz, a Universidade do Pará – que, a partir de 1966, passou a adotar o Federal no nome – tem uma história que remonta a 1902, ano da fundação da Faculdade Livre de Direito. Nascida da reunião dessa e de outras seis faculdades, criadas em Belém entre 1903 e 1948, a UFPA, desde a década de 1970, estendeu as suas ações a outras regiões do Pará. Em 13 de agosto de 1968, foi inaugurado, em Belém, o Conjunto Universitário Pioneiro da UFPA, depois, nomeado Cidade Universitária Professor José Rodrigues da Silveira Netto, sede administrativa da Instituição.
Atualmente, a Universidade Federal do Pará está presente em 74 municípios paraenses, com atividades vinculadas a 12 campi: Abaetetuba, Altamira, Ananindeua, Belém, Bragança, Breves, Cametá, Capanema, Castanhal, Salinópolis, Soure e Tucuruí. Como instituição multicampi, a UFPA tem contribuído com o desenvolvimento de todo o Estado do Pará e deu origem a três novas universidades federais, por desmembramento de seus campi, em Macapá (Unifap), Santarém (Ufopa) e Marabá (Unifesspa), além de ter contribuído com a formação da Universidade Federal de Rondônia (Unir).
Reitores – Estiveram à frente da Universidade Federal do Pará, nesses sessenta anos, os reitores Mário Braga Henriques (1957-1960), José Rodrigues da Silveira Netto (1960-1969), Aloysio da Costa Chaves (1969-1973), Clóvis Cunha da Gama Malcher (1973-1977), Aracy Amazonas Barreto (1977-1981), Daniel Queima Coelho de Souza (1981-1985), José Seixas Lourenço (1985-1989), Nilson Pinto de Oliveira (1989-1993), Marcos Ximenes Ponte (1993-1997), Cristovam Wanderley Picanço Diniz (1997-2001), Alex Bolonha Fiúza de Mello (2001-2009) e Carlos Edilson de Almeida Maneschy (2009-2016). Desde outubro de 2016, exerce a função de reitor o professor doutor Emmanuel Zagury Tourinho.