Em tempos de carnaval, milhares de pessoas desfilam combinando elementos circenses, máscaras e cores que, na grande maioria das vezes, representam a individualidade cotidiana e possuem um contexto social. Para os pacientes da saúde mental, a “maior festa popular do universo” também é uma forma de se expressar, quebrar preconceitos e barreiras.
Com esse intuito, o Centro de Apoio Psicossocial (Caps) – Liberdade – do Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em conjunto com outros Caps de Juiz de Fora, organizam o bloco Loucomotiva, que sairá pelas ruas do Centro nesta terça-feira, dia 6, com mais de 280 pessoas, entre pacientes, familiares e trabalhadores da saúde mental.
De acordo com a técnica em enfermagem Liliane Gonzaga do Caps HU, uma comissão composta por demais membros do Caps é responsável pela organização do evento, que será realizado pela primeira vez. “No ano passado fizemos um carnaval aqui mesmo, contamos com a participação do pessoal do Domésticas de Luxo. Esse ano a gente resolveu quebrar os estigmas da sociedade com as pessoas que fazem qualquer tipo de tratamento relativo à saúde mental, fazendo a re-inserção dessas pessoas de forma harmônica e lúdica junto à população de forma geral”, afirma.
Segundo Liliane, cada Caps será responsável por uma ala do bloco, que terá abadá personalizado. O material está sendo produzido pelos próprios pacientes, que podem decorar conforme desejam. “Tem vários que já colocaram purpurina. A gente deixou livre para que ele expressaram na camisa o que eles quiserem. Estão colocando muita energia nisso, construindo frases pra carregar nas alas do bloco”, conta.
Além do abadá, os pacientes elaboraram paródias de marchinhas tradicionais, colocando em debate a necessidade de se acabar com manicômios, além da redução de preconceitos. Dentre as músicas adaptadas estão as clássicas “Mamãe Eu Quero” e Cachaça Não É Água” (Governo eu quero/Governo eu quero/Governo eu quero tratar/Sociedade sem manicômios/Por isso vamos lutar) (Você pensa que loucura mata/Loucura não mata não/O que mata é o seu preconceito/Precisa de uma solução).
A concentração do bloco acontece a partir das 14h, no Parque Halfeld. Às 15h, o bloco sairá em direção ao Calçadão da cidade, com dispersão na Rua Batista de Oliveira.