A reitora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), professora Myrian Serra, participa da oitava edição do Fórum Mundial das Mulheres Presidentes de Universidades. O evento, que terá início neste sábado (07) e vai até 11 de abril, será sediado na Universidade de Wuhan, na China. A reitora, que foi convidada pelos organizadores, é a única representante brasileira a participar das atividades.
No fórum, a professora Myrian Serra fará um discurso no sábado (08), após a cerimônia de abertura, no qual abordará “Os desafios das mulheres na administração universitária”. Neste evento, a reitora será acompanhada por Chen Xu, da Tsinghua University (China), Deborah L. Ford, da University of Wisconsin-Parkside (Estados Unidos) e Zheng Xiaojing, da Xidian University (China).
“Este Fórum é importantíssimo pois é um espaço de interação das diversas matizes da luta feminina. Em trocas de experiências e vivências ao redor do mundo, podemos compartilhar estratégias de inserção feminina na liderança da educação e na garantia de maior representatividade das mulheres em todos os espaços da estrutura social”, afirma a reitora.
Em seu discurso, a professora Myrian Serra trará dados que apresentam o painel da inserção da mulher no Ensino Superior e na direção das instituições. “Apesar das mulheres serem maioria entre estudantes universitários brasileiros, apenas um terço do total de dirigentes no âmbito nacional é de reitora. A gênese desta problemática é percebida na constituição da sociedade brasileira, marcada pelo patriarcalismo, por inúmeras práticas discriminatórias e criação de assimetrias entre homem e mulher”, explica. “Este pensamento é persistente e reducionista e contribui para a criação de estereótipos fictícios entre feminino e masculino. Desta maneira, ainda não conseguimos alcançar a almejada representatividade”, acrescenta a professora Myrian Serra.
A reitora expõe a necessidade e os meios para a alteração do quadro atual. “O primeiro é o processo educacional. É necessário ensinar os meninos e meninas que a distinção sexual não é critério de distinção intelectual e todos possuem plena capacidade, habilidade e competência para serem líderes em todas as áreas. Depois, o desenvolvimento da carreira de trabalho de uma mulher é fortemente afetada pelo nascimento e crescimento dos filhos. Mesmo alcançando níveis educacionais mais elevados que os homens, as mulheres são as principais responsáveis pelas tarefas domésticas. Isso representa os resquícios de uma sociedade patriarcal dominada por homens. Terceiro porque as mulheres são principais alvos de violência psicológica, física e sexual. A mulher se tornou uma figura vulnerável diante da hostilidade do pensamento machista e conservador que coloca a vítima na posição de culpada. E quarto porque a sociedade ainda resiste ao papel importantíssimo da mulher em todas as esferas da vida social, especialmente em posição de liderança. Entendo que estamos aprendendo a liderar e comandar homens e mulheres. A mulher no papel da liderança pode reescrever essa história. Esse é o caminho para preparar as próximas gerações para uma vida autônoma com poder de escolher o que querem ser”, analisa.
Durante o evento, a reitora participará das atividades do Fórum e de reuniões com representantes de universidades e instituições internacionais.
O Fórum
Criado em 2001, o Fórum Mundial das Mulheres Presidentes de Universidades tem como objetivo reunir a força das reitoras das universidades de todo mundo para criar uma plataforma internacional de comunicação e colaboração, permitindo o compartilhamento de novas ideias e pensamentos nas áreas do desenvolvimento do Ensino Superior e da promoção da liderança da mulher.
Nesta edição, o Fórum vai explorar as questões do ensino superior na era da informação com foco no desenvolvimento da mulher e o compromisso com a busca de novas lideranças. Para tanto, o evento será dividido em cinco tópicos: Tradição universitária e educação no futuro; Tecnologia digital e incentivo de novos talentos; Presidentes mulheres de universidades e novas lideranças; A mudança de liderança e pesquisa de gênero na Nova Era; e “The belt and road initiative” e comunicação e cooperação universitária.
Acesse o discurso da professora Myrian Serra (em português e inglês)