“Vamos fazer uma conexão com o próprio coração.” Esse foi o primeiro pedido da professora da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará Germana de Moraes aos participantes do I Encontro Internacional Arte, Poética e Direitos da Pachamama.
Em uma abertura mística, ocorrida na noite dessa quarta-feira (21), no auditório do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, a organizadora da atividade convidou os presentes a fazer uma pausa para sentir o coração: “Se não fizermos uma conexão com o coração, nada do que será apresentado aqui será ouvido; simplesmente se perderá”, pontuou.
Até sexta-feira (23), estudantes, ativistas, professores, pesquisadores e artistas debatem os direitos da natureza, unindo saberes tradicionais e científicos. Em pauta, estão questões como fundamentos jurídicos dos direitos da natureza, crise ambiental, constitucionalismo democrático latino-americano e consciência Pachamama na música e na literatura.
Também presente na abertura do evento, o diretor da Faculdade de Direito da UFC, Cândido Albuquerque, destacou a importância de iniciativas que convidam a academia a pensar a Terra e a relação do homem com a natureza. “Se fosse dado o direito à Terra de escolher seus inquilinos, seríamos nós?”, questionou.
CONFERÊNCIA – Na conferência de abertura, o vice-reitor da UFC, Custódio Almeida, destacou o caminho que a sociedade ocidental tomou até resultar no paradigma do antropocentrismo. Para ele, o empoderamento antropocêntrico da modernidade, que colocou o homem como centro de tudo, gerou “escombros”, prejuízos para a natureza.
De acordo com o Prof. Custódio, a partir do momento em que o homem se colocou como centro, tudo passou por uma instância humana, que é a subjetividade. “A consequência disso é que tudo que não é humano se torna objeto. A própria natureza se torna objeto”, explicou. De acordo com ele, é preciso haver uma reconciliação com a Pachamama, pois o ser humano passou a encarar a natureza como algo utilitário.
Na opinião do vice-reitor, para promover essa reconciliação e superação da crise ecológica, é preciso pensar nas novas gerações, estimulando a educação ambiental e a consciência ecológica nas escolas, assim como garantir uma mudança da lógica da economia de produção e consumo. “É preciso ir além e estabelecer a natureza como princípio orientador da vida”, destacou.
A abertura contou ainda com a apresentação do Coral da UFC e com o painel “Arte, poética e direitos de Pachamama”, ministrado por Naiara Tukano, coordenadora da Rede pelo Constitucionalismo Democrático Latino-Americano em Brasília (DF), e pelo Prof. Ramiro Ávila Santamaria, da Universidad Andina Simón Bolívar (Equador).
ENCONTRO – O I Encontro Internacional Arte, Poética e Direitos da Pachamama tem o objetivo de estimular a criação, no âmbito do direito, da poética e das artes, de meios de expressão do paradigma da harmonia com a natureza e dos direitos da Pachamama, bem como novas formas de efetivá-los nessas áreas de conhecimento.
A programação segue até sexta-feira (23)segue até sexta-feira (23) na Faculdade de Direito da UFC (Rua Meton de Alencar, s/n, Centro) e no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (Rua Dragão do Mar, 81, Praia de Iracema). Nos dias 24 e 25, haverá ainda uma programação opcional na comunidade Shangrilah, localizada no município de Guaiúba, na Região Metropolitana de Fortaleza.
Mais informações disponíveis estão no site do evento.