A Editora da UFSCar (EdUFSCar) e a Editora da Universidade Federal de Viçosa (UFV) estão lançando a coletânea “Migração e Exílio”, organizada por Bela Feldman-Bianco, Liliana Sanjurjo, Desirée Azevedo e Douglas Mansur da Silva.
A obra resulta da publicação do dossiê “Migration and Exile” pela Vibrant (Virtual Brazilian Anthropology) (vol.10, no.2, dezembro 2013), revista da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), considerada de excelência pelo Qualis da área de Antropologia e Arqueologia, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
“Como sete dos oito textos que compõem esse dossiê, embora tenham originais em Português, foram publicados em Inglês no dossiê ‘Migration and Exile‘, e dada a qualidade e atualidade dos artigos, consideramos pertinente torná-los accessíveis também em Português, no formato de uma coletânea, para um público nacional variado, que inclui estudantes e profissionais que atuam com imigrantes, e o público em geral”, explica Feldman-Bianco.
A coletânea apresenta um panorama das temáticas e debates da atualidade, tanto no que se refere à migração transnacional de brasileiros quanto aos imigrantes que se radicaram no País, no passado e no presente. Em seu conjunto, os textos elucidam e problematizam as relações intrínsecas entre migrações transnacionais, nação e nacionalidade e a contínua preocupação dos estados-nação em selecionar imigrantes desejáveis e indesejáveis, seja a partir de situações históricas ou conjunturais.
Dessa perspectiva, os artigos expõem um renovado interesse nos significados da imigração na história brasileira, seja no que tange aos debates sobre nação, colonização estrangeira e políticas imigratórias, seja com referência aos processos históricos locais que circunscrevem reelaborações étnicas ou processos de inserção na sociedade; a relação entre imigração, trabalho e nacionalidades no capitalismo neoliberal, marcado pela flexibilização do trabalho e do capital e, ainda, pela mercantilização de patrimônios culturais; a emergência de estudos antropológicos sobre exílio no Brasil e a comparação entre exilados do Brasil e no Brasil, no período das ditaduras latino-americanas no final da Guerra Fria, assim como a importância de se estudar como a categoria exílio é construída em situações específicas; e, finalmente, as relações entre migrações, gênero e noções de tráfico de pessoas na construção de políticas migratórias da atualidade, diante de um cenário de securitização e criminalização das migrações.
“As migrações são aqui entendidas em sentido amplo, como fluxos de pessoas, signos e capitais, relacionados aos desdobramentos da economia política e a práticas translocais. Somado a isso, a pesquisa antropológica e etnográfica enfatiza um olhar atento à pluralidade de sentidos que os próprios atores migrantes atribuem à experiência migratória, problematizando as categorias – exilados, refugiados, migrantes, estrangeiros – que mobilizam para dar sentido à trajetória de migração”, descreve a organizadora. Ainda segundo ela, busca-se indagar em que medida as categorias acionadas pelos migrantes para definir o próprio deslocamento encontram-se associadas às condições de reconhecimento jurídico no país de destino. “Portanto, a riqueza da pesquisa etnográfica reside justamente em problematizar, com base na interlocução e pesquisa junto à migrantes, como a distinção entre migrantes, refugiados ou exilados pode ser ambígua, tendo em vista que situações de conflito e violência, não raras vezes, se enredam com questões de ordem econômica”, finaliza Feldman-Bianco.
Mais informações podem ser obtidas no site da EdUFSCar.