O projeto “Universidade e extensão popular: diálogos de saberes e práticas agroecológicas”, coordenado pelos docentes do Campus Paulo Freire (CPF) Dirceu Benincá e Frederico Neves, realizou, de abril a dezembro deste ano, 16 edições da Feira da Agricultura Familiar. A ideia da Feira foi construída pelos professores Dirceu e Frederico, em parceria com lideranças do Movimento Sem Terra (MST), representantes do Colegiado do Território de Identidade Extremo Sul da Bahia (TIES) e do Sindicato dos Bancários de Teixeira de Freitas (entidade apoiadora). O projeto está em execução desde outubro de 2017.
Os coordenadores informam que “um grupo gestor planeja e coordena as atividades da feira, das quais participam regularmente 15 estudantes da UFSB. Eles(as) colaboram na organização da infraestrutura, bem como na definição e realização de atividades culturais.”
Os(As) feirantes são, fundamentalmente, agricultores(as) do MST e de comunidades quilombolas, membros de cooperativas de artesanato, entre outros parceiros do município de Teixeira de Freitas e região. Vitor Passos, da Regional Extremo Sul do MST, reconhece a importância da parceria com a UFSB, que “vem com uma proposta muito boa para a inclusão dos movimentos sociais na potencialização da agricultura familiar. Há uma afinidade quando se concretizam essas feiras, por nos permitir dialogar com as pessoas da cidade, mostrando como o campo se organiza.”
Vitor destaca ainda que o MST entende que o modelo de produção a partir da agroecologia é importante “tanto para a sustentabilidade das famílias quanto em relação ao estilo de vida.” Ele ressalta que “a feira tem tido uma proposta e uma metodologia muito boas não só para a venda dos produtos, mas também por oferecer plenárias de formação e atividades culturais que promovem o relacionamento do MST com as pessoas que visitam a feira. Isso é importante porque o movimento social tem sido cada vez mais exposto à criminalização e, ali, nós mostramos à sociedade que somos produtores(as), oferecendo alimento de qualidade para a vida de todos(as).”
Conforme os docentes Dirceu e Frederico, a cada edição da Feira, que ocorre na primeira e na terceira sextas-feiras de cada mês, são instaladas em média 15 barracas, em geral uma por família. “O público tem sido de 50 a 70 pessoas, mas já houve edições com mais de 100 participantes. A atração de maior público ocorreu por ocasião de debates sobre temas como agroecologia e agrotóxicos, com a presença de estudantes da rede pública de ensino, e no lançamento de um livro sobre literatura infantil”, informam os coordenadores do projeto.
A interação entre universidade, movimentos sociais e sociedade é avaliada positivamente pelos professores, mas acreditam que ainda há desafios a superar na busca pela consolidação da agroecologia. Um deles é a permanência dos(as) agricultores(as)/feirantes, com garantia da comercialização de seus produtos. Outro é o envolvimento da comunidade local na compra de alimentos agroecológicos.
A última feira de 2018 ocorrerá na próxima sexta, 7 de dezembro, no mesmo local das outras edições, ao lado da Policlínica.
Curso de Especialização
Da articulação entre Componentes Curriculares ministrados pelos professores Frederico Neves e Dirceu Benincá e o projeto de extensão surgiu a ideia de elaboração colaborativa de um curso de pós-graduação Lato Sensu em “Agroecologia e Educação do Campo”, com 420 horas de duração. A proposta derivou do diálogo da UFSB com os movimentos sociais, a Escola de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto, a UNEB (Campus X) e o IFBaiano (Campus Teixeira de Freitas).
O curso foi aprovado na Reunião Ordinária do Conselho Superior da UFSB (Consuni) de 11 de novembro de 2018. O processo seletivo está previsto para os meses de fevereiro e março de 2019 e será divulgado nos canais oficiais da UFSB.