Esqueletos, espécimes taxidermizados e órgãos de animais vertebrados chamam a atenção de quem visita o Laboratório de Anatomia Veterinária da Universidade de Brasília. Há quem se interesse mais pelas maquetes sobre o interior da Terra e simuladores de som de terremoto do Observatório Sismológico da instituição. Essas atrações fazem parte do roteiro sugerido pelo aplicativo Ciência-Ação, um guia digital cujo itinerário alia turismo a conhecimento científico na capital.
O aplicativo reúne 18 opções de passeio na cidade, como o Memorial dos Povos Indígenas, o Planetário e o Parque Nacional de Brasília. A UnB figura na lista com quatro opções. As outras duas alternativas são o Museu de Anatomia Humana da Faculdade de Medicina e o Centro Vocacional Tecnológico em Agroecologia Fazenda Água Limpa (FAL).
“Em sua concepção, Brasília existe como cidade-modelo e cidade-museu. O aplicativo vai nessa direção, ao colocar em evidência elementos do nosso patrimônio científico-cultural”, destaca o docente da Faculdade de Educação Gilberto Lacerda, co-idealizador e coordenador da ferramenta.
O aplicativo transpõe para o ambiente digital a versão impressa do Guia Turístico Científico de Brasília, lançada em 2016. Ambos os recursos sugerem aos usuários ambientes da capital federal e de sua região metropolitana que, além de serem caracterizados pela dimensão científica, também estão preparados para acolher o visitante movido apenas por interesses turísticos.
COMO FUNCIONA – O aplicativo Ciência-Ação pode ser baixado gratuitamente em dispositivos Android. Ao acessar a ferramenta, o usuário dispõe de uma tela com navegação interativa pelo mapa que sinaliza os roteiros sugeridos. Os 18 locais são divididos em cinco categorias: Espaço e terra; História e geografia; Meio ambiente; Museu; Saúde. Dessa forma, o usuário pode selecionar os destinos de acordo com seu interesse.
Ao escolher o local de visitação, há diversos recursos para interagir com a ferramenta. De início, é possível fazer o check-in no local em que estiver visitando. Cada ambiente possui uma placa com determinado QRCode – um código de barra em 2D que pode ser lido pela maioria dos celulares com câmera fotográfica. Após o escaneamento, o usuário terá acesso a um texto com informações sobre o ambiente.
De posse do conteúdo, é possível participar de um desafio com quatros alternativas de respostas. Apenas uma resposta é a correta. Ao escolhê-la, o usuário acumula pontos. “Nem sempre o QR Code estará tão exposto. Com isso, estimulamos que o visitante explore ao máximo o local”, comenta Bruno Santos Ferreira, mestre em Educação e co-idealizador e coordenador da ferramenta.
“A busca pelos códigos de barras é uma estratégia que considera a mobilidade das pessoas, já que é preciso ir ao local para fazer a leitura do QR Code”, explica Bruno. Ele destaca que o recurso se beneficia de potencialidades das tecnologias móveis de comunicação e informação para promover a educação e a ciência.
Cada ambiente possui um QR Code diferente. Quanto mais locais visitados e desafios completados, mais pontos o usuário acumula. Há diferentes níveis de evolução de acordo com a pontuação obtida. Para cada nível de evolução o usuário recebe um Selo Científico.
“Isso é uma estratégia de gamificação, para motivar o usuário através do reconhecimento pessoal. Os selos têm nomes de cientistas brasileiros, justamente para divulgar que existem em nosso país pesquisadores importantes, pessoas que deixaram grandes contribuições através da ciência”, acrescenta Bruno.
O aplicativo Ciência-Ação apresenta uma proposta diversificada de turismo na capital, destaca seu potencial educador e cultural e converge para uma tendência mundial conhecida como turismo criativo. Assim, Brasília, que já faz parte da rede mundial de cidades inteligentes, poderá também integrar o rol de cidades científicas e educadoras do mundo.
ORIENTAÇÕES – Para cada roteiro sugerido há uma tela com informações gerais sobre o local, como endereço, contatos e horário de funcionamento. É recomendável fazer contato antes de se deslocar ao ambiente escolhido, de modo a certificar o horário de funcionamento e a necessidade de agendamento prévio.
Ciência-Ação é uma iniciativa da Rede Distrital de Educação e Divulgação Científica (RedeCIÊNCIA), que tem por objetivo criar uma teia de ambientes não formais de educação e divulgação científica. A ideia é promover a ciência e dar visibilidade a esses ambientes, despertando interesse em turistas, moradores e população escolar.
“Queremos mostrar que é divertido conhecer a ciência a partir da visitação desses lugares”, reforça Gilberto Lacerda. Segundo o docente, o público central da ferramenta é a população escolar. “Esperamos que escolas e professores adotem o aplicativo como material paradidático, visando despertar o interesse pela ciência nos estudantes.”