Criado com o objetivo de implementar práticas socioambientais na comunidade escolar, o projeto “Amigo do Meio”, parte de uma pesquisa de doutorado desenvolvida na Escola Municipal Santa Maria, em Uberaba, foi encampado em 2019 pelo Programa de Extensão “Recicla UFTM”, coordenado pela professora Ana Carolina Anhê, do curso de Engenharia Ambiental. As ações do projeto já provocaram transformações nos hábitos de alunos, pais, professores e funcionários da escola e continuam em desenvolvimento neste ano.
Ricardo Almeida, servidor da UFTM e autor do projeto de pesquisa do doutorado em Ciência, Tecnologia e Sociedade pela UFScar, é facilitador no Programa de Extensão. Ele relata que após o início do projeto em 2018, na E.M. Santa Maria, as transformações foram estruturantes e comportamentais, que resultaram em mudanças importantes na rotina escolar.
Horta da escola municipal irrigada
Dois grupos de trabalho, formados por 20 alunos, com idade entre 12 e 15 anos, iniciaram o plantio de horta, utilizando como adubo material derivado de restos de resíduos orgânicos, descartados no refeitório da escola. As plantas são irrigadas com a água da chuva, coletada e armazenada especialmente para reaproveitamento.
Alunos utilizando a compostagem e, ao fundo, coletores azuis da água da chuva
Além disso, a partir do projeto, a escola tornou-se ponto de coleta de resíduos eletrônicos domésticos para comunidade do entorno, cujo recolhimento é realizado por agendamento mensal. “Desenvolvemos práticas de empreendedorismo e educação ambiental envolvendo toda escola, criamos uma central de coleta seletiva e estabelecemos parcerias para coleta regular dos recicláveis. Hoje, aproximadamente 80% dos resíduos recicláveis produzidos pela escola são destinados à cooperativa de catadores (COOPERU). O projeto envolve cerca de 1000 alunos da escola e todas as turmas participam ativamente das atividades de mobilização do projeto”, afirma o pesquisador.
Central de coleta seletiva na escola
Alunos dos cursos de Psicologia, Engenharia Ambiental e Engenharia Mecânica da UFTM participaram das fases de coleta de dados e mobilização social da pesquisa. Durante as ações práticas, a UFTM também fez parte do roteiro de visitas técnicas dos grupos de trabalho da escola, quando os alunos tiveram oportunidade de conhecer a Universidade e participar de algumas atividades educativas. Ainda nas ações do projeto, os grupos de trabalho visitaram a Usina Hidrelétrica de Igarapava e a própria Cooperativa de catadores de recicláveis de Uberaba – COOPERU, que atualmente figura-se como parceira do projeto.
Visita dos alunos à UFTM, na Unidade Univerdecidade
Ex- aluno da E. M. Santa Maria, Ricardo explica que a escola, como ator social relevante no campo de estudo, integrou a pesquisa após um diagnóstico participativo que apontou a instituição como principal agente de interação com a comunidade local. Ele destaca que o projeto “Amigo do Meio” consiste em uma ferramenta facilitadora da conexão ciência, tecnologia e sociedade, contextualizada na relação homem e meio ambiente. “A sociedade é a principal vertente do estudo, investigar como os atores sociais se organizam para enfrentar os desafios socioambientais compõe o objetivo de pesquisa”.
Projeto na ONU
O Projeto Amigo do Meio foi aprovado para compor em outubro do ano passado um circuito nacional do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU- Habitat), que tem o objetivo de dar visibilidade a ações socioambientais relevantes implantadas no país.
A ação selecionada referiu-se a um ciclo de palestras que, organizado de forma coletiva com os grupos de trabalho da escola (Agentes Ambientais e Jovens Empreendedores), resultou na produção de um vídeo com um resumo das principais atividades desenvolvidas na comunidade escolar durante dois anos de projeto. O vídeo encontra-se disponível em canal do YouTube.
“A aprovação do projeto pelo programa da ONU foi um importante reconhecimento dos esforços empreendidos, principalmente porque valoriza a Educação e incentiva os jovens a serem protagonistas nos enfrentamentos socioambientais e nas transformações da sociedade”, concluiu Ricardo.