A EdUFSCar está lançando o livro “O paradigma indiciário e as modalidades de decifração nas Ciências Humanas”, organizado por Leda Verdiani Tfouni, Anderson de Carvalho Pereira e Nilton Milanez.
A proposta de realização da obra deriva de vários anos de debate sobre o texto “Sinais: raízes de um paradigma indiciário”, de Carlo Ginzburg, publicado no Brasil na passagem dos 1980 para 1990, e que se tornou um dos textos mais citados à época. Entre os organizadores, o interesse pela utilização desse paradigma foi sempre seguido da exploração de métodos passíveis de serem aplicados na pesquisa e, principalmente, na análise de dados. Tal objetivo se constituiu em meta para os grupos de pesquisa coordenados pelos autores, e concretizou-se em dezenas de trabalhos (dissertações, teses, artigos científicos, capítulos etc.), mas nunca havia sido tema de um único livro, que mostrasse a abrangência, o alcance e a riqueza, além da natureza do paradigma indiciário.
“A decisão de organizar um livro que contemplasse a heterogeneidade e a riqueza de seu alcance adveio dessa lacuna: muitos falavam em paradigma indiciário, mas havia pouco em termos de seu uso dentro do método interpretativo das Ciências Humanas. Os pesquisadores convidados contemplaram os leitores com uma fortuna inesperada, abordando múltiplos assuntos e questões. Este livro será um marco, um ponto de partida, um início de sistematização”, explicam os organizadores.
A obra trata principalmente da relação entre sujeito e linguagem do ponto de vista da interpretação. Aborda temas como: a arte da tradução; literatura, filmes, o sujeito e o corpo, os discursos na rede, leitura, alfabetização. “O paradigma indiciário opõe-se, historicamente, ao paradigma galileano. Este último norteia as ciências ‘duras’, para as quais o fato científico deve ser passível de réplica, quantificável, e livre de toda subjetividade da parte do pesquisador. O paradigma indiciário interessa-se pelos pequenos detalhes, pistas, restos, que revelam as particularidades – em detrimento da generalização -, enfim, tudo aquilo que escapa aos números, cálculos e previsões. Ele permite reconstruir o passado e antever o futuro. Calca-se nos ‘dados’ negligenciáveis, considerados não importantes pelo método galileano. Tem por centro a interpretação, e parte do pressuposto de que interpretar é um ofício que se baseia em pistas. Assim, o ‘dado’ não é transparente e o investigador nunca consegue se colocar fora do experimento”, detalham os autores.
O livro tem um total de doze artigos, distribuídos em três partes: O paradigma indiciário e as artes de decifrar; Corpos, formas e indícios do sujeito; e Leitura e decifração de indícios.
O lançamento da obra “O paradigma indiciário e as modalidades de decifração nas Ciências Humanas” é aberto ao público e acontece no dia 13 de março, às 19 horas, no auditório do Centro de Aperfeiçoamento Profissional (CAP), no campus em Vitória da Conquista da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Mais informações sobre o livro podem ser obtidas no site da EdUFSCar.