Cada vez mais a tecnologia vem sendo utilizada para o benefício dos serviços de saúde. O professor Ronaldo Martins da Costa, do Instituto de Informática (INF/UFG), e sua equipe investigam a pupila humana como uma porta de entrada para a realização de exames e diagnósticos médicos. O mais recente fruto desse projeto foi o desenvolvimento de um Sistema Automatizado de Pupilometria (SAP) para apoiar a investigação de diagnóstico de pacientes com diabetes mellitus tipo II. A partir da produção de um sistema informacional, o equipamento foi capaz de gravar, induzir e extrair 96 características pupilares para caracterização da doença.
Para a realização das análises foram selecionados 31 pacientes, 15 diagnosticados com diabetes mellitus tipo II e 16 que não possuem a doença, para formar o grupo de controle. Por meio do SAP foram elencadas 96 características que são relevantes para análises médicas do grupo de pacientes portadores de diabetes mellitus tipo II. “Este resultado permite evidenciar o potencial do sistema SAP no apoio à investigação de pacientes com diabetes mellitus tipo II. No futuro, o SAP pode vir a ser uma ferramenta útil para um diagnóstico médico mais precoce e preventivo, assim como para a investigações de outras patologias”, afirmou o pesquisador Cleyton Silva.
Classificação de graus de Glaucoma
Essa não é a primeira vez que o grupo se destaca no uso do equipamento para as mais diversas finalidades médicas. Em 2017 o mesmo grupo desenvolveu um método automatizado de classificação do nível de Glaucoma baseado também no reflexo pupilar. Esse trabalho foi realizado também com a orientação da professora Cristiane Bastos Rocha Ferreira. O trabalho foi destaque no 61ª Congresso Nacional de Oftalmologia, realizado em Fortaleza, no Ceará. Por meio do uso do pupilômetro foi realizada a captura de dados e em seguida a aplicação de um algoritmo para a criação de um modelo de classificação de graus de glaucoma. “A proposta provou ser um método promissor, não-invasivo, objetivo e portátil de identificação do grau de Glaucoma”, resumiu o professor Ronaldo Costa.
Além de Ronaldo Costa e Cleyton Silva, participaram da pesquisa também os professores do INF, Celso Gonçalves Camilo e os médicos oftalmologistas Augusto Paranhos Júnior, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Eduardo Nery Rossi Camilo, da Fundação Branco de Olhos de Goiás.
Detecção de embriaguez pela pupila
Também em 2017 o pesquisador Hedenir Pinheiro aplicou o pupilômetro para a detecção de embriaguez. Além de ser um método menos invasivo do que o etilômetro e os exames de sangue geralmente utilizados para a confirmação da ingestão de álcool, o aparelho de pupilometria permite que os testes sejam realizados e analisados remotamente. O aparelho também não exige o uso de peças descartáveis, como o conhecido e utilizado “bafômetro” e pode ser realizado até mesmo por pessoas que tenham dificuldade em soprar em fluxo contínuo.
Os resultados mostraram que o aparelho pupilometria criado na UFG alcança um grau de eficiência de 96% quando realiza as análises de maneira individualizada e baseadas em banco de dados suficientes em vídeo. Apesar de o método ainda precisar de aprimoramento, tanto para a redução do custo de produção do aparelho, em média R$ 4 mil, quanto para a detecção da quantidade mínima de vídeos para a detecção de alcoolemia, a expectativa é que ele possa ser utilizado no futuro. O objetivo é que o equipamento seja capaz de garantir o monitoramento do consumo de bebidas alcoólicas por aqueles que exerçam determinadas atividades críticas, como motoristas, policiais ou taxistas.
Como funciona um pupilômetro?
Para que seja possível investigar o comportamento pupilar humano é necessário induzir os reflexos pupilares, em seguida registrar o comportamento pupilar por determinado intervalo de tempo e medir a pupila ao decorrer da gravação em vídeo, exame conhecido como Pupilometria. O pupilômetro é o equipamento capaz de avaliar o comportamento da pupila a partir da medição de seu diâmetro ao longo de um intervalo de tempo.
Para isso são utilizadas câmeras infravermelhas para observação da dilatação pupilar em baixa luminosidade. Esse dispositivo é então conectado a um sistema computacional capaz de realizar o processamento e extração de características específicas e capazes de traçar um padrão de comportamento pupilar.