Pesquisadores de Brasil, Argentina e Portugal estão reunidos nesta semana na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Erechim para um seminário internacional, sobre inclusão de indígenas, afrodescendentes, pessoas com deficiência, imigrantes e setores populares nas universidades. O evento, que iniciou hoje (10) pela manhã e segue até quinta-feira (13), servirá também para a definição de novas metas para ações afirmativas de inclusão e permanência nas Instituições de Ensino Superior (IES).
O seminário é fruto do projeto “Centro de Formação de Professores – Estudos sobre interculturalidade na universidade”, da UFFS, que conta com a parceria da Universidad Nacional de Missiones (UNaM) e da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). O projeto recebeu recursos da CAPES através do Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento.
Serão apresentados os resultados de estudos realizados por diferentes universidades do Brasil e do exterior, referentes aos avanços conquistados pelos vários países em relação às políticas de inclusão de grupos historicamente excluídos do Ensino Superior. A programação inclui o lançamento de dois livros, com organização de pesquisadores como a professora Adriana Loss, da UFFS.
Hoje pela manhã, na abertura da programação, o reitor da UFFS, Jaime Giolo, destacou a temática do evento. Salientou que o Brasil “vive um momento muito doloroso, com objetivos destrutivos na política e na educação”, e mencionou também o protagonismo das universidades com relação à inclusão.
– A questão da inclusão surgiu a partir do marco legal da Constituição de 1988. Durante este tempo tivemos muitas iniciativas, nas quais as universidades públicas tiveram papel decisivo para sua criação – disse Giolo. Segundo o reitor, a inclusão social é um dos pilares de criação da UFFS.
Para a coordenadora acadêmica do Campus Erechim, Juçara Spinelli, o seminário internacional se constitui como uma frente de trabalho e resistência diante do “desmonte sofrido pelas universidades públicas brasileiras”. Sobre o evento, também destacou que “um projeto desta magnitude reforça os laços interinstitucionais e auxilia no processo de internacionalização da UFFS”.
Uma das principais responsáveis pelo projeto, a professora Adriana Loss explicou, na abertura, que as ações foram iniciadas em 2015, com a realização de pesquisas com instituições como a UNaM, Unioeste, além da Universidade de Passo Fundo (UPF) e o Instituto de Educação da Universidade de Lisboa.
– Em todo este tempo desenvolvemos pesquisas bibliográficas e de campo que procuraram ouvir as vozes ausentes do nosso país, no caso do Ensino Superior. Nos voltamos aos estudantes que conseguiram acessar as universidades mas que, em virtude de suas condições sociais, não conseguem permanecer nelas. Essas investigações têm como intuito pontuar quais são realmente os desafios que cabem a essas universidades para garantir a permanência. Conseguimos trazer os estudantes das escolas públicas, mas, agora, o que vamos fazer?
Após a abertura houve o lançamento de dois livros, frutos do projeto e com a participação de diversos autores. Os debates realizados ao longo da semana ainda resultarão em uma nova obra, que será lançada na Argentina em um próximo evento, marcado para 2020.
Ainda de manhã, a primeira palestrante foi a antropóloga social Ana Gorosito Kramer (UNaM), que falou sobre a questão indígena.
Um dos destaques do evento será a presença, na quinta-feira, de Zoia Prestes, filha de Luís Carlos Prestes. Ela fará o lançamento de seu livro “Vygotsky: imaginação e criação na infância” e também ministrará uma palestra.
A programação do evento é aberta para toda a comunidade acadêmica. O seminário internacional também está sendo transmitido pelo Facebook, através da página UFFS Ao Vivo.
Programação
10 de junho
19h30 – Palestra “Inclusão no Ensino Superior”, com Pablo Daniel Vain (UNaM – Posadas/Argentina).
11 de junho
9h às 11h30 – Apresentação dos resultados das investigações do grupo de investigadores da Argentina. Coordenação da mesa: Pablo Daniel Vain.
13h30 às 17h – Apresentação dos resultados das investigações do grupo de investigadores do Brasil (UPF / Unioeste / UFFS). Coordenação da mesa: UPF, Unioeste e UFFS.
19h – Painel “As vozes dos sujeitos: indígenas, haitianos, camponeses (UFFS) e deficientes (Unioeste)” – Relato dos bolsistas de intercâmbio. Coordenação: Solange Todero Von Onçay (UFFS).
12 de junho
9h às 11h30 – Apresentação dos resultados das investigações do grupo de investigadores do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa.
13h30 às 16h – Análise da prof. Ana Gorosito Kramer (UNaM – Posadas/Argentina) das investigações e apresentações realizadas.
16h30 às 19h – Discussão e avaliação dos resultados; definição de metas para ações afirmativas de inclusão e permanência nas IES.
20h – Jantar de confraternização (por adesão).
13 de junho
19h – Lançamento do livro “Vygotsky: Imaginação e criação na infância” e palestra com Zoia Prestes (UFF).